São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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Vira-lata une os moradores do Itaim

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Via de regra, quem respeita os animais respeita os seres humanos. E a recíproca, como nos mostra a tragédia do circo Vostok, também é verdadeira. No Brasil de hoje não existe mais consideração por porcaria nenhuma.
Nos últimos dias eu andava meio desacorçoada com esse desdém pela vida que já estamos começando a achar normal. Mas, na noite de terça, meu humor mudou por conta de um vira-lata chamado Chumbinho.
Mistura de pastor alemão com tiririca, há pouco mais de um ano Chumbinho surgiu na rua de casa e elegeu a padaria da esquina como seu novo lar.
Infestado de sarna e com feridas pelo corpo, o cãozinho teria morrido, não fosse a boa vontade do pessoal da redondeza.
O dono da padaria virou seu tutor. O pet shop que serve a redondeza providenciou vacinas, remédios, coleira e uma capa com a inscrição "segurança".
De dia a casa de Chumbinho era a sombra da banca do seu Cândido, onde podia contar com uma vasilha de água e outra de ração. E de noite ele só tinha de esperar o bar vizinho fechar para se recolher na área de serviço.
Produto do pouco caso de autoridades que deveriam obrigar cães não registrados na prefeitura a serem castrados, aos poucos, parafraseando o título do livro, Chumbinho foi fazendo amigos e conquistando pessoas.
Quando eu embicava o carro na porta da garagem, ele me saudava abanando o rabo e colocando as patas dianteiras para dentro da janela.
Já era tarde da noite de terça-feira quando ouvi dizer que Chumbinho tinha sido atropelado e levado a um pronto-socorro veterinário. Corri para lá. Quando cheguei encontrei a vizinha que o havia resgatado, a Cleuza e o Wagner, donos do pet shop, e o Ricardo da padaria, todos aos prantos. Removemos o cão para a loja e eu fiquei por perto, na eventualidade de precisarem de algo. Rosângela, a veterinária que o tinha tratado da sarna, chegou chispando. Outra vizinha saiu da cama para providenciar cortisona. Os taxistas do ponto da esquina vieram, um por um, se prontificar a dar uma mão. E os porteiros dos botecos da redondeza fizeram procissão para saber do estado do amigão, que nós tínhamos tentado em vão doar a alguém.
Enquanto escrevo, Chumbinho permanece sedado no pet shop. Ainda não sabemos se ele terá de ser sacrificado. Mas de uma coisa temos certeza. Mesmo que por um breve instante, Chumbinho transmitiu para todos nós um teco da sua nobreza.

QUALQUER NOTA

Tintura
Teve de tudo na acidentada apresentação de Pavarotti com as baianas, em Salvador. Ao final da coletiva de imprensa, Gal Costa deu um beijo no suado cantor. E foi embora com o rosto todo borrado de preto.

Ponta firme
Marília Gabriela não brinca em serviço. Antes de sua entrevista com Marcelinho Carioca para o GNT, o jogador pediu para ver as perguntas. Marília não quis mostrar. Marcelinho então roubou as fichas com as perguntas da mão de Gabi. Para quê? Ela encerrou a entrevista ali mesmo.

Como será em casa?
Na festa de estréia do programa "Caldeirão do Huck", no Rio, Maurício Mattar foi ríspido com Angélica na frente de todos.
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