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Vira-lata une os moradores do Itaim
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Via de regra, quem respeita os
animais respeita os seres humanos. E a recíproca, como nos mostra a tragédia do circo Vostok,
também é verdadeira. No Brasil
de hoje não existe mais consideração por porcaria nenhuma.
Nos últimos dias eu andava
meio desacorçoada com esse desdém pela vida que já estamos começando a achar normal. Mas,
na noite de terça, meu humor mudou por conta de um vira-lata
chamado Chumbinho.
Mistura de pastor alemão com
tiririca, há pouco mais de um ano
Chumbinho surgiu na rua de casa
e elegeu a padaria da esquina como seu novo lar.
Infestado de sarna e com feridas
pelo corpo, o cãozinho teria morrido, não fosse a boa vontade do
pessoal da redondeza.
O dono da padaria virou seu tutor. O pet shop que serve a redondeza providenciou vacinas, remédios, coleira e uma capa com a
inscrição "segurança".
De dia a casa de Chumbinho
era a sombra da banca do seu
Cândido, onde podia contar com
uma vasilha de água e outra de
ração. E de noite ele só tinha de
esperar o bar vizinho fechar para
se recolher na área de serviço.
Produto do pouco caso de autoridades que deveriam obrigar
cães não registrados na prefeitura
a serem castrados, aos poucos, parafraseando o título do livro,
Chumbinho foi fazendo amigos e
conquistando pessoas.
Quando eu embicava o carro na
porta da garagem, ele me saudava abanando o rabo e colocando
as patas dianteiras para dentro
da janela.
Já era tarde da noite de terça-feira quando ouvi dizer que
Chumbinho tinha sido atropelado e levado a um pronto-socorro
veterinário. Corri para lá. Quando cheguei encontrei a vizinha
que o havia resgatado, a Cleuza e
o Wagner, donos do pet shop, e o
Ricardo da padaria, todos aos
prantos. Removemos o cão para a
loja e eu fiquei por perto, na eventualidade de precisarem de algo.
Rosângela, a veterinária que o tinha tratado da sarna, chegou
chispando. Outra vizinha saiu da
cama para providenciar cortisona. Os taxistas do ponto da esquina vieram, um por um, se prontificar a dar uma mão. E os porteiros dos botecos da redondeza fizeram procissão para saber do estado do amigão, que nós tínhamos
tentado em vão doar a alguém.
Enquanto escrevo, Chumbinho
permanece sedado no pet shop.
Ainda não sabemos se ele terá de
ser sacrificado. Mas de uma coisa
temos certeza. Mesmo que por um
breve instante, Chumbinho transmitiu para todos nós um teco da
sua nobreza.
QUALQUER NOTA
Tintura
Teve de tudo na acidentada
apresentação de Pavarotti com as
baianas, em Salvador. Ao final da
coletiva de imprensa, Gal Costa
deu um beijo no suado cantor. E
foi embora com o rosto todo borrado de preto.
Ponta firme
Marília Gabriela não brinca em
serviço. Antes de sua entrevista
com Marcelinho Carioca para o
GNT, o jogador pediu para ver as
perguntas. Marília não quis mostrar. Marcelinho então roubou as
fichas com as perguntas da mão
de Gabi. Para quê? Ela encerrou a
entrevista ali mesmo.
Como será em casa?
Na festa de estréia do programa
"Caldeirão do Huck", no Rio,
Maurício Mattar foi ríspido com
Angélica na frente de todos.
E-mail barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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