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Instituto vai ajudar a rastrear tráfico
MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local
O Ipen (Instituto de Pesquisas
Energéticas e Nucleares) está formalizando convênio com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo para um projeto -pioneiro no país- que ajudará a polícia a identificar regiões
de plantio de maconha e a rastrear rotas do narcotráfico.
Isso será possível por meio da
análise das "assinaturas químicas" de amostras de drogas
apreendidas pela polícia e encaminhadas pelo IC (Instituto de
Criminalística).
No laboratório de caracterização química do Ipen serão realizados exames químicos e bioquímicos de alta sensibilidade nas
amostras das drogas. Os exames
são capazes de definir a "impressão digital" das substâncias, uma
formulação única e característica.
A partir da assinatura química
de folhas de maconha, é possível
determinar em que tipo de solo
elas foram plantadas. Cada folha
da planta carrega na sua composição elementos químicos do solo
onde foi cultivada.
O convênio prevê o desenvolvimento de um banco de dados
com as características dos diversos tipos de solos do país e as regiões onde eles são comuns.
"Cruzando a assinatura química da droga, com a composição
do solo, delimitaremos áreas restritas onde a droga pode ter sido
cultivada", afirma Jorge Eduardo
de Souza Sarkis, coordenador do
projeto no Ipen.
No caso de drogas produzidas
em laboratórios -como a cocaína, a heroína e o crack-, a assinatura química pode ajudar a traçar possíveis rotas de tráfico.
Segundo Sarkis, serão feitas
comparações sistemáticas das
composições da droga apreendida pela polícia com traficantes e
com usuários. "Assinaturas químicas idênticas ou semelhantes,
indicam supostas ligações entre o
traficante e o usuário", disse.
Recursos próprios
O convênio não contará com investimentos extras do governo de
São Paulo, segundo Osvaldo Negrini Neto, diretor técnico do IC.
"O instituto vai utilizar verba própria", afirmou. O Plano Plurianual do Estado destinou, para os
próximos quatro anos, R$ 106 milhões ao instituto.
Sarkis confirma que o projeto
será desenvolvido sem custos extras também por parte da Cnen
(Comissão Nacional de Energia
Nuclear), órgão a que o Ipen está
subordinado. As reformas realizadas no laboratório onde as análises serão feitas duraram quatro
anos e custaram cerca de US$ 1
milhão (R$ 1,75 milhão).
O convênio entre Ipen e IC começou a ser desenvolvido em
meados do ano passado, quando
foram realizados testes para comprovar a eficácia do processo de
análise das assinaturas químicas.
Ele terá duração inicial de cinco
anos. Para ser fechado, precisa
passar ainda pela consultoria jurídica da Secretaria da Segurança
Pública e ser assinado pelo governador Mário Covas.
Sarkis disse acreditar que em 45
dias o acordo será assinado, mas
não quis determinar uma data.
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