São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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Instituto vai ajudar a rastrear tráfico

MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local

O Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) está formalizando convênio com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo para um projeto -pioneiro no país- que ajudará a polícia a identificar regiões de plantio de maconha e a rastrear rotas do narcotráfico.
Isso será possível por meio da análise das "assinaturas químicas" de amostras de drogas apreendidas pela polícia e encaminhadas pelo IC (Instituto de Criminalística).
No laboratório de caracterização química do Ipen serão realizados exames químicos e bioquímicos de alta sensibilidade nas amostras das drogas. Os exames são capazes de definir a "impressão digital" das substâncias, uma formulação única e característica.
A partir da assinatura química de folhas de maconha, é possível determinar em que tipo de solo elas foram plantadas. Cada folha da planta carrega na sua composição elementos químicos do solo onde foi cultivada.
O convênio prevê o desenvolvimento de um banco de dados com as características dos diversos tipos de solos do país e as regiões onde eles são comuns.
"Cruzando a assinatura química da droga, com a composição do solo, delimitaremos áreas restritas onde a droga pode ter sido cultivada", afirma Jorge Eduardo de Souza Sarkis, coordenador do projeto no Ipen.
No caso de drogas produzidas em laboratórios -como a cocaína, a heroína e o crack-, a assinatura química pode ajudar a traçar possíveis rotas de tráfico.
Segundo Sarkis, serão feitas comparações sistemáticas das composições da droga apreendida pela polícia com traficantes e com usuários. "Assinaturas químicas idênticas ou semelhantes, indicam supostas ligações entre o traficante e o usuário", disse.

Recursos próprios
O convênio não contará com investimentos extras do governo de São Paulo, segundo Osvaldo Negrini Neto, diretor técnico do IC. "O instituto vai utilizar verba própria", afirmou. O Plano Plurianual do Estado destinou, para os próximos quatro anos, R$ 106 milhões ao instituto.
Sarkis confirma que o projeto será desenvolvido sem custos extras também por parte da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão a que o Ipen está subordinado. As reformas realizadas no laboratório onde as análises serão feitas duraram quatro anos e custaram cerca de US$ 1 milhão (R$ 1,75 milhão).
O convênio entre Ipen e IC começou a ser desenvolvido em meados do ano passado, quando foram realizados testes para comprovar a eficácia do processo de análise das assinaturas químicas.
Ele terá duração inicial de cinco anos. Para ser fechado, precisa passar ainda pela consultoria jurídica da Secretaria da Segurança Pública e ser assinado pelo governador Mário Covas.
Sarkis disse acreditar que em 45 dias o acordo será assinado, mas não quis determinar uma data.


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