São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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Testemunha mantém acusações

LEONARDO FUHRMANN
da Folha Online

O ex-informante da Polícia Civil Laércio Cunha (nome fictício) foi colocado frente a frente com o delegado Marcelo Teixeira Lima e com os investigadores Daniel Rubens de Oliveira e Celso dos Santos na madrugada de ontem, em depoimento na CPI do Narcotráfico. Os três haviam sido acusados por Laércio.
O delegado negou conhecer o informante. Já os investigadores admitiram ter usado os serviços dele. A testemunha contou ter feito diligências com os policiais em Montes Claros (MG) e no Rio de Janeiro (RJ) atrás de Antônio Silvestre, conhecido como Pintado.
Segundo o informante, Pintado é procurado por roubos a carros-fortes e bancos. O objetivo das viagens era deter o criminoso e exigir dinheiro em troca da liberação dele. Os policiais alegam nem conhecer Antônio Silvestre.
O informante contou também que foi com os investigadores para a Bahia atrás de um receptador de carros chamado Humberto Laranjeira. As informações sobre o receptador teriam sido passadas pelo próprio Laércio.
Na Bahia, de acordo com o informante, eles detiveram Laranjeira com três carros roubados. Na volta, eles teriam sido abordados pela Polícia Militar baiana, que os encaminhou à delegacia.
Os investigadores paulistas alegam não saber o que foi feito com o preso. Os policiais contam que apesar de ilegal, é comum eles iram para outros Estados atrás de criminosos sem possuírem o mandado de prisão.
Laércio acusou também o investigador Oliveira de ter se apropriado de uma carga de velas para carros. O material foi apreendido juntamente com pneus de motos pelos policiais. Da carga recuperada, apenas os pneus teriam sido devolvidos ao dono. O policial nega e diz nem se lembrar do fato.

Sonegação
O deputado federal Robson Tuma (PFL-SP) acusou o delegado Marcelo Lima de sonegação de Imposto de Renda. Na semana passada, a CPI do Narcotráfico quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico do delegado. Apenas os dados relativos ao sigilo fiscal chegaram às mãos do deputado.
Tuma aponta também uma escalada de patrimônio do delegado do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais) desde 96, quando, de acordo com Laércio Cunha, teria começado o esquema de corrupção. A acusação foi feita durante a acareação.
Teixeira Lima é delegado desde 1994. Antes, havia sido policial militar e escrivão. Até 95, o delegado não declarava Imposto de Renda, por estar na faixa isenta.
No ano seguinte, Teixeira Lima teve uma evolução patrimonial negativa de R$ 1.300. Em 97, a perda de patrimônio, na declaração foi ainda maior: R$ 2.100.
Já em 98, a declaração de renda mostra que o patrimônio cresceu R$ 29 mil. Esses dados, segundo o deputado, mostram que Teixeira Lima sonegou imposto e são indícios de que as acusações de Laércio podem ter fundamento. O delegado afirmou que não havia sido comunicado pela Receita de problemas nas declarações. Ontem, Lima não foi localizado.


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