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Testemunha mantém acusações
LEONARDO FUHRMANN
da Folha Online
O ex-informante da Polícia Civil
Laércio Cunha (nome fictício) foi
colocado frente a frente com o delegado Marcelo Teixeira Lima e
com os investigadores Daniel Rubens de Oliveira e Celso dos Santos na madrugada de ontem, em
depoimento na CPI do Narcotráfico. Os três haviam sido acusados
por Laércio.
O delegado negou conhecer o
informante. Já os investigadores
admitiram ter usado os serviços
dele. A testemunha contou ter feito diligências com os policiais em
Montes Claros (MG) e no Rio de
Janeiro (RJ) atrás de Antônio Silvestre, conhecido como Pintado.
Segundo o informante, Pintado
é procurado por roubos a carros-fortes e bancos. O objetivo das
viagens era deter o criminoso e
exigir dinheiro em troca da liberação dele. Os policiais alegam nem
conhecer Antônio Silvestre.
O informante contou também
que foi com os investigadores para a Bahia atrás de um receptador
de carros chamado Humberto
Laranjeira. As informações sobre
o receptador teriam sido passadas
pelo próprio Laércio.
Na Bahia, de acordo com o informante, eles detiveram Laranjeira com três carros roubados.
Na volta, eles teriam sido abordados pela Polícia Militar baiana,
que os encaminhou à delegacia.
Os investigadores paulistas alegam não saber o que foi feito com
o preso. Os policiais contam que
apesar de ilegal, é comum eles
iram para outros Estados atrás de
criminosos sem possuírem o
mandado de prisão.
Laércio acusou também o investigador Oliveira de ter se apropriado de uma carga de velas para
carros. O material foi apreendido
juntamente com pneus de motos
pelos policiais. Da carga recuperada, apenas os pneus teriam sido
devolvidos ao dono. O policial nega e diz nem se lembrar do fato.
Sonegação
O deputado federal Robson Tuma (PFL-SP) acusou o delegado
Marcelo Lima de sonegação de
Imposto de Renda. Na semana
passada, a CPI do Narcotráfico
quebrou os sigilos bancário, fiscal
e telefônico do delegado. Apenas
os dados relativos ao sigilo fiscal
chegaram às mãos do deputado.
Tuma aponta também uma escalada de patrimônio do delegado
do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais) desde 96, quando, de
acordo com Laércio Cunha, teria
começado o esquema de corrupção. A acusação foi feita durante a
acareação.
Teixeira Lima é delegado desde
1994. Antes, havia sido policial
militar e escrivão. Até 95, o delegado não declarava Imposto de
Renda, por estar na faixa isenta.
No ano seguinte, Teixeira Lima
teve uma evolução patrimonial
negativa de R$ 1.300. Em 97, a
perda de patrimônio, na declaração foi ainda maior: R$ 2.100.
Já em 98, a declaração de renda
mostra que o patrimônio cresceu
R$ 29 mil. Esses dados, segundo o
deputado, mostram que Teixeira
Lima sonegou imposto e são indícios de que as acusações de Laércio podem ter fundamento. O delegado afirmou que não havia sido comunicado pela Receita de
problemas nas declarações. Ontem, Lima não foi localizado.
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