São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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Empresário reconhece dois acusados de extorsão

da Folha Online

O empresário Wagner Penhalves reconheceu, em depoimento à CPI do Narcotráfico na madrugada de ontem, dois dos policiais que ele havia denunciado por tentativa de extorsão.
Ele apontou os agentes do Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais) Alexandre Francisco Ribeiro Costa e Marcos Pereira como integrantes do grupo que o prendeu no dia 6 de setembro de 1998.
A identificação complica ainda mais a situação da dupla, que já havia sido apontada pelo ex-informante da polícia Laércio Cunha (nome falso) como envolvida em esquemas de corrupção. Durante seu depoimento, Penhalves estava acompanhado de sua mulher, Ivonete.
O comerciante, ex-dono de uma loja de equipamentos de informática em Ciudad del Este, no Paraguai, contou aos deputados que foi preso pelos dois policiais quando chegava de viagem no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo).
Costa e Pereira o levaram à sede do Depatri, na zona norte de São Paulo, onde teriam pedido R$ 300 mil para Penhalves não ser autuado por estelionato.
O empresário, que não teria aceito a proposta, era acusado de ter em seu poder várias cópias de propostas de cartão de crédito preenchidas em vários nomes diferentes. Os investigadores mostraram documentos da empresa de Penhalves que apresentavam supostas irregularidades.
Os policiais apreenderam o carro do empresário, um Mercedes-Benz SLK, sob alegação de que o veículo foi apreendido porque o proprietário não levava consigo os documentos.
Os policiais não souberam explicar aos deputados o motivo do auto de apreensão não ter sido assinado pelo delegado, pelo escrivão e pelo dono do automóvel.
O auto de liberação do empresário tinha os mesmos problemas. Penhalves acusa ainda os policias de terem feito o boletim de ocorrência somente após a sua liberação. No dia da prisão, ele não teria visto o delegado Édson Soares, que chefia a equipe.
O empresário conta que pagou, por meio do advogado José Maci, R$ 5.000 pela liberação do carro. O pagamento teria sido feito aos policiais no dia 18, com um cheque do advogado.
Penhalves destacou que os policiais que o prenderam em Praia Grande (litoral paulista) garantiram ter recebido informações dos policiais do Depatri sobre ele. Ele passou cem dias detido até ter a prisão preventiva revogada.
O empresário ainda responde a processo na Justiça por suspeita de fraude com cartões de crédito. Para o empresário, "provas forjadas" foram usadas para acusá-lo de fraudar cartões de crédito e estelionato e levá-lo à prisão.
As supostas falhas no comportamento dos policias do Depatri no caso irritaram o deputado Moroni Torgan (PFL-CE). "Na minha experiência como policial, nunca vi um delegado não assinar um boletim de ocorrência."


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