São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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MEDICAMENTOS
Contradizendo versão anterior, laboratórios confirmam encontro formal para discutir o assunto
Indústria admite reunião sobre genéricos

VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

Pela primeira vez desde a instalação da CPI dos Medicamentos, presidentes de dois laboratórios declararam, ontem, ter ocorrido uma reunião entre representantes das empresas desse setor, ocasião em que os deputados acreditam ter sido formado um cartel contra os remédios genéricos.
Jorge Romaneiro, diretor-presidente da Janssen-Cilag, que fabrica os produtos Johnson & Johnson, disse à comissão que a pauta da reunião era o comportamento de laboratórios nacionais que afirmavam, na época, que seus remédios similares eram genéricos. Omilton Visconde Júnior, presidente do Laboratório Biosintética, afirmou que seria "infantilidade" negar a realização da reunião.
A Polícia Federal e a CPI dos Medicamentos investigam a formação de um suposto cartel contra os genéricos por 21 laboratórios multinacionais e um nacional. A prática é proibida por lei.
A indústria farmacêutica sempre negou ter se reunido para traçar estratégias contra os genéricos. Até o momento, as empresas davam uma versão de que ocorrera apenas um encontro informal entre gerentes.
Ontem, mesmo após Romaneiro e Visconde terem falado sobre a reunião, representantes de outros cinco laboratórios que depuseram no mesmo grupo na CPI continuaram sustentando a versão de encontro informal.
Desde anteontem, a CPI tem ouvido em grupos de 7 os 21 laboratórios acusados de formação de cartel contra os genéricos.
Ontem, os deputados começaram a usar as informações colhidas com as quebras de sigilo bancário e fiscal dos laboratórios. O relator Ney Lopes (PFL-RN) afirmou que foram entregues aos parlamentares todos os dados fiscais analisados e três bancários. Nenhum ilícito proveniente desses dados foi apresentado na sessão de ontem.
Grande parte das perguntas feitas às empresas ficou sem resposta porque os presidentes das empresas alegavam que eram informações sigilosas.
Por isso, o deputado Geraldo Magela (PT-DF) disse que vai pedir que as próximas audiências sejam sigilosas e os depoimentos, individuais "para evitar alegações de que não se pode passar informações para a concorrência".
Carlos Felippe, presidente do Astrazeneca, diz que a empresa compra da matriz, que cobra mais para ter dinheiro para investir na descoberta de novos produtos. Visconde, do Biosintética, garantiu que a matéria-prima que importa é uma das melhores do mundo e que vem de Israel.
Às perguntas sobre aumentos de preços no varejo, os representantes foram unânimes em debitá-los à desvalorização do real.


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