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MEDICAMENTOS
Contradizendo versão anterior, laboratórios confirmam encontro formal para discutir o assunto
Indústria admite reunião sobre genéricos
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
Pela primeira vez desde a instalação da CPI dos Medicamentos,
presidentes de dois laboratórios
declararam, ontem, ter ocorrido
uma reunião entre representantes
das empresas desse setor, ocasião
em que os deputados acreditam
ter sido formado um cartel contra
os remédios genéricos.
Jorge Romaneiro, diretor-presidente da Janssen-Cilag, que fabrica os produtos Johnson & Johnson, disse à comissão que a pauta
da reunião era o comportamento
de laboratórios nacionais que
afirmavam, na época, que seus remédios similares eram genéricos.
Omilton Visconde Júnior, presidente do Laboratório Biosintética, afirmou que seria "infantilidade" negar a realização da reunião.
A Polícia Federal e a CPI dos
Medicamentos investigam a formação de um suposto cartel contra os genéricos por 21 laboratórios multinacionais e um nacional. A prática é proibida por lei.
A indústria farmacêutica sempre negou ter se reunido para traçar estratégias contra os genéricos. Até o momento, as empresas
davam uma versão de que ocorrera apenas um encontro informal
entre gerentes.
Ontem, mesmo após Romaneiro e Visconde terem falado sobre
a reunião, representantes de outros cinco laboratórios que depuseram no mesmo grupo na CPI
continuaram sustentando a versão de encontro informal.
Desde anteontem, a CPI tem
ouvido em grupos de 7 os 21 laboratórios acusados de formação de
cartel contra os genéricos.
Ontem, os deputados começaram a usar as informações colhidas com as quebras de sigilo bancário e fiscal dos laboratórios. O
relator Ney Lopes (PFL-RN) afirmou que foram entregues aos
parlamentares todos os dados fiscais analisados e três bancários.
Nenhum ilícito proveniente desses dados foi apresentado na sessão de ontem.
Grande parte das perguntas feitas às empresas ficou sem resposta porque os presidentes das empresas alegavam que eram informações sigilosas.
Por isso, o deputado Geraldo
Magela (PT-DF) disse que vai pedir que as próximas audiências
sejam sigilosas e os depoimentos,
individuais "para evitar alegações
de que não se pode passar informações para a concorrência".
Carlos Felippe, presidente do
Astrazeneca, diz que a empresa
compra da matriz, que cobra mais
para ter dinheiro para investir na
descoberta de novos produtos.
Visconde, do Biosintética, garantiu que a matéria-prima que importa é uma das melhores do
mundo e que vem de Israel.
Às perguntas sobre aumentos
de preços no varejo, os representantes foram unânimes em debitá-los à desvalorização do real.
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