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ADMINISTRAÇÃO
SP tem dificuldades para recrutar médicos
Programa de Saúde da Família pode começar com equipes incompletas
ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Programa de Saúde da Família da Prefeitura de São Paulo,
previsto para meados de maio, vai
começar mesmo se as equipes estiverem incompletas, sem médicos. Anunciado em março, prevê,
para cada equipe, seis agentes comunitários, dois auxiliares de enfermagem, um enfermeiro e um
médico.
A dificuldade de ter médicos,
segundo a Secretaria da Saúde, é a
resistência deles ao projeto.
O programa, que vai começar
com 254 equipes, visa a prevenção e o atendimento contínuo,
numa tentativa de diminuir a demanda nos prontos-socorros.
Os agentes cadastram as famílias e depois visitam as casas pelo
menos uma vez por mês. Os dados são levados ao médico, que,
com a enfermeira, orienta os
agentes. O trabalho do médico é o
de um clínico-geral.
A coordenadora do programa,
Isamara Gouvêa, disse que decidiu começar sem os médicos para
os agentes adiantarem o cadastramento das famílias.
Para o chefe de gabinete da secretaria, Paulo Carrara, os médicos resistem em aderir ao programa porque não querem parar de
trabalhar como especialistas.
"O médico não se filia porque
teme perder a sua especialidade
ao trabalhar como clínico", diz
Carrara. Já Isamara acredita que a
maior dificuldade é a distância e a
disponibilidade para o trabalho.
Das 254 equipes, 40% vão atender
na zona sul, 20% na norte, 25% na
leste e 15% no centro.
A secretaria não tem estimativa
de quantas das equipes estarão
completas. As equipes serão
montadas com os demais profissionais municipais, que não aderiram ao extinto PAS (Plano de
Atendimento à Saúde). Eles já foram convocados, mas não foi feito o recrutamento.
A própria secretaria aponta o
problema de começar com a equipe incompleta. "É importante ter
o médico por causa do vínculo.
Ele precisa se envolver com a comunidade", diz Carrara.
Enquanto houver desfalque na
equipe, segundo Isamara, a secretaria pretende nomear um gerente para substituir o médico.
Se não houver interesse dos médicos municipais, a secretaria vai
escolher entre os que foram contratados de emergência em março, cerca de 2.000, ou fazer parcerias com universidades.
Municipalização
A intenção da secretaria é implantar o programa à medida que
municipaliza as 173 Unidades Básicas do Estado. Nessa semana começam a ser municipalizadas as
primeiras 21 unidades estaduais e
o término será em novembro.
Para julho, está previsto o retorno das 153 Unidades Básicas da
prefeitura, hoje no Sims (Sistema
Integrado Municipal de Saúde),
para a administração direta. A retomada ocorrerá quando vencerem os últimos contratos com os
módulos leste e norte. Os do sul e
centro terminam em abril.
"O atendimento das unidades
municipalizadas está centrado no
Programa de Saúde da Família e
com isso queremos reorientar o
sistema de assistência de saúde",
disse Osvaldo Donnini, assessor
técnico da secretaria.
O município vai receber do governo federal pelo Programa de
Saúde da Família e pela municipalização das unidades R$ 110 milhões até o fim do ano.
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