São Paulo, sábado, 14 de abril de 2001

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ADMINISTRAÇÃO
SP tem dificuldades para recrutar médicos

Programa de Saúde da Família pode começar com equipes incompletas

ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Programa de Saúde da Família da Prefeitura de São Paulo, previsto para meados de maio, vai começar mesmo se as equipes estiverem incompletas, sem médicos. Anunciado em março, prevê, para cada equipe, seis agentes comunitários, dois auxiliares de enfermagem, um enfermeiro e um médico.
A dificuldade de ter médicos, segundo a Secretaria da Saúde, é a resistência deles ao projeto.
O programa, que vai começar com 254 equipes, visa a prevenção e o atendimento contínuo, numa tentativa de diminuir a demanda nos prontos-socorros.
Os agentes cadastram as famílias e depois visitam as casas pelo menos uma vez por mês. Os dados são levados ao médico, que, com a enfermeira, orienta os agentes. O trabalho do médico é o de um clínico-geral.
A coordenadora do programa, Isamara Gouvêa, disse que decidiu começar sem os médicos para os agentes adiantarem o cadastramento das famílias.
Para o chefe de gabinete da secretaria, Paulo Carrara, os médicos resistem em aderir ao programa porque não querem parar de trabalhar como especialistas.
"O médico não se filia porque teme perder a sua especialidade ao trabalhar como clínico", diz Carrara. Já Isamara acredita que a maior dificuldade é a distância e a disponibilidade para o trabalho. Das 254 equipes, 40% vão atender na zona sul, 20% na norte, 25% na leste e 15% no centro.
A secretaria não tem estimativa de quantas das equipes estarão completas. As equipes serão montadas com os demais profissionais municipais, que não aderiram ao extinto PAS (Plano de Atendimento à Saúde). Eles já foram convocados, mas não foi feito o recrutamento.
A própria secretaria aponta o problema de começar com a equipe incompleta. "É importante ter o médico por causa do vínculo. Ele precisa se envolver com a comunidade", diz Carrara.
Enquanto houver desfalque na equipe, segundo Isamara, a secretaria pretende nomear um gerente para substituir o médico.
Se não houver interesse dos médicos municipais, a secretaria vai escolher entre os que foram contratados de emergência em março, cerca de 2.000, ou fazer parcerias com universidades.

Municipalização
A intenção da secretaria é implantar o programa à medida que municipaliza as 173 Unidades Básicas do Estado. Nessa semana começam a ser municipalizadas as primeiras 21 unidades estaduais e o término será em novembro.
Para julho, está previsto o retorno das 153 Unidades Básicas da prefeitura, hoje no Sims (Sistema Integrado Municipal de Saúde), para a administração direta. A retomada ocorrerá quando vencerem os últimos contratos com os módulos leste e norte. Os do sul e centro terminam em abril.
"O atendimento das unidades municipalizadas está centrado no Programa de Saúde da Família e com isso queremos reorientar o sistema de assistência de saúde", disse Osvaldo Donnini, assessor técnico da secretaria.
O município vai receber do governo federal pelo Programa de Saúde da Família e pela municipalização das unidades R$ 110 milhões até o fim do ano.



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