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Indenização trabalhista chega a R$ 1 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
Morador de um conjunto habitacional popular da periferia de
São Paulo, Rui Kavalkievcz, 66,
ganhou o direito a uma indenização trabalhista de R$ 1,085 milhão
do Jockey Club no mês passado.
Para garantir esse pagamento, a
Justiça decidiu leiloar um terreno
de 2.000 metros quadrados da
instituição, avaliado em R$ 3 milhões, ao lado do Hipódromo Cidade Jardim. No último dia 25,
horas antes de perder parte de seu
patrimônio, o Jockey fez um acordo com seu antigo funcionário.
Kavalkievcz, que trabalhou no
clube durante 36 anos, vai receber
a indenização em 34 parcelas. A
primeira já foi paga. Como ele,
mais de cem ex-funcionários tentam atualmente ganhar ações trabalhistas na Justiça.
Arthur Ramos Neto, presidente
do Sindicato dos Funcionários de
Estabelecimentos Hípicos de São
Paulo, afirma que as mais de 2.000
demissões na última década só
trouxeram prejuízo ao Jockey.
"A terceirização de serviços como segurança e restaurantes só
deu lucro para as empresas. O clube não se recuperou, e os trabalhadores foram para a Justiça."
Felipe Kheirallah, diretor de finanças do Jockey, diz que os cortes eram inevitáveis.
"Todas as empresas tiveram encolhimento com a modernização
dos equipamentos. Aqui foi mais
intenso porque as apostas caíram", afirma.
Estabilidade
Kavalkievcz entrou no Jockey
em 1954, fazendo a distribuição
de cartas de baralho na sala de diversões. Adquiriu estabilidade,
mas, em 1990, foi afastado sem
justa causa.
"A única coisa que eu sabia na
vida era trabalhar naquilo. Fiquei
dois anos parado, totalmente "duro", até conseguir minha aposentadoria", afirma Kavalkievcz.
Desde então, ele passou a viver
com a mulher e o filho, que completou 21 anos, com os R$ 900 da
aposentadoria.
O dinheiro que recebeu após a
demissão só foi suficiente para
quitar as dívidas de seu apartamento popular do Inocoop (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais de São Paulo)
no Jardim Umarizal, na zona sul
de São Paulo.
Kavalkievcz ainda não definiu
seus planos após receber mais de
R$ 1 milhão de indenização. "Por
enquanto, vai ficar na poupança."
O advogado dele, José Aparecido Castilho, também tenta uma
indenização milionária para outro ex-funcionário do Jockey.
A Justiça já deu ganho de causa
a Anésio Braz, 70, que trabalhou
46 anos no clube, como administrador da sala de diversões. Nesse
caso, porém, ainda cabe recurso.
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