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Ontem, a polícia deteve só um suspeito na favela, mas a operação não levou, até agora, à captura de traficantes do primeiro escalão
Dos 16 detidos na Rocinha, só 1 segue preso
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Apesar de a favela da Rocinha
(zona sul do Rio) estar ocupada
há dois dias por cerca de 1.300 policiais civis e militares, nenhum
traficante considerado de primeiro escalão foi preso até agora.
Ontem, apenas um suspeito foi
detido pela polícia. Ele foi identificado como Bruno Rodrigues da
Silva, 21, e estava com uma roupa
camuflada e uma embalagem
com balas de tinta.
Dos 16 suspeitos detidos anteontem na favela, apenas um ficou preso. Um menor de 18 anos
foi encaminhado ao Juizado de
Menores.
Dos nove presos entre sexta-feira e domingo, continua na cadeia
o suposto traficante Pedro Artur
de Farias, o Di Oscar.
Personagens principais
Os dois principais personagens
da guerra que vem aterrorizando
a Rocinha desde sexta-feira
-Eduíno Eustáquio de Araújo
Filho, o Dudu, e Luciano Barbosa
da Silva, o Lulu- não estão mais
na favela, segundo a Polícia Civil.
Dudu, de acordo com a Cinpol
(Coordenadoria de Inteligência
da Polícia Civil), está escondido
no complexo de favelas do Alemão (zona norte). Já Lulu estaria
na casa de parentes.
O serviço de Disque-Denúncia
está oferecendo recompensas de
R$ 5.000 para quem der informações sobre Lulu e de R$ 2.000 por
pistas que levem a Dudu.
O titular da DRE (Delegacia de
Repressão a Entorpecentes), Rodrigo Oliveira, disse que, por enquanto, a polícia não ocupará o
complexo do Alemão para tentar
capturar Dudu.
"Estamos monitorando o Dudu. Há a possibilidade de ele sair
do complexo do Alemão a qualquer momento. No entanto, se tivermos a certeza de que ele ficará
lá, vamos realizar incursões no local", afirmou Oliveira.
Madrugada tranqüila
Após quatro dias seguidos de tiroteios, a Rocinha teve uma madrugada tranqüila. Moradores e
policiais disseram não ter ouvido
tiros na favela.
Apesar da aparente tranquilidade na Rocinha, diversas escolas
mantiveram as portas fechadas
ontem nos bairros de São Conrado e Gávea, vizinhos à favela.
Uma agência da CEF (Caixa
Econômica Federal), localizada
no interior da Rocinha, também
não abriu as portas.
O comandante-geral da PM
(Polícia Militar), coronel Renato
Hottz, afirmou ontem que a situação na Rocinha está "sob controle". "O fundamental dessa ocupação é que a população sabe que a
polícia está presente na Rocinha."
Hottz disse considerar natural
que os moradores ainda tenham
medo de circular pelas ruas da favela. "A coisa ainda está muito recente", disse.
Anteontem, Hottz ficou sob o
alvo de fogos e tiros disparados
por traficantes da Rocinha e teve
que se esconder atrás de uma caçamba de lixo.
Tentativa de invasão
A ocupação na Rocinha pela polícia foi desencadeada para impedir que a guerra entre traficantes
rivais fizesse mais vítimas.
Desde sexta-feira, dez pessoas
morreram em confrontos, entre
elas três moradores atingidos por
balas perdidas.
O conflito começou com uma
tentativa de invasão da favela por
um grupo de traficantes, que tinha o objetivo de retomar os pontos-de-venda de drogas.
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