São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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Ontem, a polícia deteve só um suspeito na favela, mas a operação não levou, até agora, à captura de traficantes do primeiro escalão

Dos 16 detidos na Rocinha, só 1 segue preso

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar de a favela da Rocinha (zona sul do Rio) estar ocupada há dois dias por cerca de 1.300 policiais civis e militares, nenhum traficante considerado de primeiro escalão foi preso até agora.
Ontem, apenas um suspeito foi detido pela polícia. Ele foi identificado como Bruno Rodrigues da Silva, 21, e estava com uma roupa camuflada e uma embalagem com balas de tinta.
Dos 16 suspeitos detidos anteontem na favela, apenas um ficou preso. Um menor de 18 anos foi encaminhado ao Juizado de Menores.
Dos nove presos entre sexta-feira e domingo, continua na cadeia o suposto traficante Pedro Artur de Farias, o Di Oscar.

Personagens principais
Os dois principais personagens da guerra que vem aterrorizando a Rocinha desde sexta-feira -Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, e Luciano Barbosa da Silva, o Lulu- não estão mais na favela, segundo a Polícia Civil.
Dudu, de acordo com a Cinpol (Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil), está escondido no complexo de favelas do Alemão (zona norte). Já Lulu estaria na casa de parentes.
O serviço de Disque-Denúncia está oferecendo recompensas de R$ 5.000 para quem der informações sobre Lulu e de R$ 2.000 por pistas que levem a Dudu.
O titular da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), Rodrigo Oliveira, disse que, por enquanto, a polícia não ocupará o complexo do Alemão para tentar capturar Dudu.
"Estamos monitorando o Dudu. Há a possibilidade de ele sair do complexo do Alemão a qualquer momento. No entanto, se tivermos a certeza de que ele ficará lá, vamos realizar incursões no local", afirmou Oliveira.

Madrugada tranqüila
Após quatro dias seguidos de tiroteios, a Rocinha teve uma madrugada tranqüila. Moradores e policiais disseram não ter ouvido tiros na favela.
Apesar da aparente tranquilidade na Rocinha, diversas escolas mantiveram as portas fechadas ontem nos bairros de São Conrado e Gávea, vizinhos à favela.
Uma agência da CEF (Caixa Econômica Federal), localizada no interior da Rocinha, também não abriu as portas.
O comandante-geral da PM (Polícia Militar), coronel Renato Hottz, afirmou ontem que a situação na Rocinha está "sob controle". "O fundamental dessa ocupação é que a população sabe que a polícia está presente na Rocinha."
Hottz disse considerar natural que os moradores ainda tenham medo de circular pelas ruas da favela. "A coisa ainda está muito recente", disse.
Anteontem, Hottz ficou sob o alvo de fogos e tiros disparados por traficantes da Rocinha e teve que se esconder atrás de uma caçamba de lixo.

Tentativa de invasão
A ocupação na Rocinha pela polícia foi desencadeada para impedir que a guerra entre traficantes rivais fizesse mais vítimas.
Desde sexta-feira, dez pessoas morreram em confrontos, entre elas três moradores atingidos por balas perdidas.
O conflito começou com uma tentativa de invasão da favela por um grupo de traficantes, que tinha o objetivo de retomar os pontos-de-venda de drogas.


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