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Gustavo nasceu prematuro e com saúde frágil
DA REPORTAGEM LOCAL
Chamado por amigos e vizinhos de "pai-caxias", daqueles
que estão sempre com um casaco na mão para proteger o filho
do frio e que vivem enchendo a
criança de beijos, o biólogo Ricardo César Garcia, 31, praticamente se mudou para o hospital quando Gustavo nasceu, há
um ano e quatro meses.
Prematuro de sete meses,
com a saúde debilitada e problemas respiratórios, o bebê ficou internado por mais de um
mês. Segundo amigos, Ricardo
quase perdeu o emprego, já que
ele e a mulher, a enfermeira
Magna de Oliveira, passaram
noites em claro ao lado do bebê.
Mesmo depois de ter recebido alta, os problemas de saúde
continuaram. Com sucessivas
crises de bronquite e pneumonia, freqüentemente Gustavo
precisava ser internado.
"Eram uma família feliz, unida, muito amorosa. Espero que
consigam se recuperar desse
baque", diz Julieta Costa Alves,
vizinha da mãe de Magna.
Iara Melchior Asaias, amiga
do casal, esteve anteontem no
hospital onde os pais receberam tratamento. "Eles estavam
sedados e nem imagino como
ficarão. A dedicação que tinham com o filho era enorme e
é inconcebível que alguém imagine que foi negligência."
Delegado
Responsável pelo inquérito
policial que apura a morte do
menino Gustavo, o delegado
Marco Antônio da Silva disse
ontem ter ficado "extremamente sensibilizado" com a
história de vida do pai do bebê.
Segundo ele, anteontem,
quando autuava em flagrante o
biólogo por homicídio culposo
(sem intenção), o irmão de Garcia contou que, quando nasceu,
"o próprio Ricardo teve de lutar
muito para sobreviver, pois
nasceu prematuro".
"Fiquei impressionado com a
história do pai. Segundo o irmão mais velho dele, toda a família dele ainda lembra do
quanto ele lutou para viver.
Mesmo com a experiência policial, não paro de pensar nessa
história de vida", disse Silva.
"É bastante difícil não se colocar no lugar da outra pessoa,
mas tenho o lado profissional e
um caso para investigar", disse
o delegado, pai de três filhos.
O delegado pediu ao IML de
Guarulhos que os laudos sobre
a morte do bebê sejam entregues o mais rápido possível.
Segundo ele, com os laudos
será possível descobrir se Gustavo morreu da maneira como
alega o seu pai. "O pai foi autuado em flagrante por homicídio
causado por negligência. Agora,
precisamos fazer o caminho inverso na investigação e descobrir se as coisas aconteceram
como nos foram apresentadas."
Ricardo e a mulher serão interrogadas no dia 2 de maio.
(DANIELA TÓFOLI E ANDRÉ CARAMANTE)
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