São Paulo, sábado, 14 de abril de 2007

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Gustavo nasceu prematuro e com saúde frágil

DA REPORTAGEM LOCAL

Chamado por amigos e vizinhos de "pai-caxias", daqueles que estão sempre com um casaco na mão para proteger o filho do frio e que vivem enchendo a criança de beijos, o biólogo Ricardo César Garcia, 31, praticamente se mudou para o hospital quando Gustavo nasceu, há um ano e quatro meses.
Prematuro de sete meses, com a saúde debilitada e problemas respiratórios, o bebê ficou internado por mais de um mês. Segundo amigos, Ricardo quase perdeu o emprego, já que ele e a mulher, a enfermeira Magna de Oliveira, passaram noites em claro ao lado do bebê.
Mesmo depois de ter recebido alta, os problemas de saúde continuaram. Com sucessivas crises de bronquite e pneumonia, freqüentemente Gustavo precisava ser internado.
"Eram uma família feliz, unida, muito amorosa. Espero que consigam se recuperar desse baque", diz Julieta Costa Alves, vizinha da mãe de Magna.
Iara Melchior Asaias, amiga do casal, esteve anteontem no hospital onde os pais receberam tratamento. "Eles estavam sedados e nem imagino como ficarão. A dedicação que tinham com o filho era enorme e é inconcebível que alguém imagine que foi negligência."

Delegado
Responsável pelo inquérito policial que apura a morte do menino Gustavo, o delegado Marco Antônio da Silva disse ontem ter ficado "extremamente sensibilizado" com a história de vida do pai do bebê.
Segundo ele, anteontem, quando autuava em flagrante o biólogo por homicídio culposo (sem intenção), o irmão de Garcia contou que, quando nasceu, "o próprio Ricardo teve de lutar muito para sobreviver, pois nasceu prematuro".
"Fiquei impressionado com a história do pai. Segundo o irmão mais velho dele, toda a família dele ainda lembra do quanto ele lutou para viver. Mesmo com a experiência policial, não paro de pensar nessa história de vida", disse Silva.
"É bastante difícil não se colocar no lugar da outra pessoa, mas tenho o lado profissional e um caso para investigar", disse o delegado, pai de três filhos.
O delegado pediu ao IML de Guarulhos que os laudos sobre a morte do bebê sejam entregues o mais rápido possível.
Segundo ele, com os laudos será possível descobrir se Gustavo morreu da maneira como alega o seu pai. "O pai foi autuado em flagrante por homicídio causado por negligência. Agora, precisamos fazer o caminho inverso na investigação e descobrir se as coisas aconteceram como nos foram apresentadas."
Ricardo e a mulher serão interrogadas no dia 2 de maio. (DANIELA TÓFOLI E ANDRÉ CARAMANTE)


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