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Rotina estressante pode levar a esquecimento, dizem psicólogos
ESTÊVÃO BERTONI
ALEXANDRE NOBESCHI
DA REDAÇÃO
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma rotina estressante e robotizada e a adaptação dos homens à divisão das tarefas domésticas são apontadas por psicólogos como problemas que
podem levar a casos como o de
Gustavo, que morreu anteontem após ser esquecido pelo pai
dentro do carro.
O biólogo Ricardo César Garcia, 31, pai da criança, disse que
a quebra da rotina -por ter entrado em férias- o fez esquecer
de retirar o bebê do veículo.
"As pessoas passam o dia inteiro fazendo coisas mecanicamente, então qualquer fato que
foge à rotina pode levar a pessoa a um esquecimento", diz a
psicóloga e terapeuta familiar
Verônica Cezar-Ferreira.
A adaptação do homem às
mudanças na distribuição das
tarefas domésticas também está relacionada ao esquecimento. Segundo o psicólogo Manoel
Antônio dos Santos, professor
da USP de Ribeirão Preto, houve mudança na distribuição das
tarefas com o ingresso da mulher no mercado de trabalho.
"O homem está se adaptando à
tarefa de cuidar de crianças pequenas, o que antes era sempre
papel das mães, babás ou avós."
Para Eduardo Ferreira dos
Santos, psiquiatra do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas, pais como o do garoto
Gustavo acabam convivendo
com uma culpa irreversível.
"Esse pai terá uma perda dupla.
A perda da criança e a da crença
em si mesmo."
Segundo o titular de neurologia da Unisa (Universidade de
Santo Amaro), Rodrigo Shultz,
a morte da criança esquecida
no carro não é um acidente comum. "Como dependia só do
pai, ele vai ficar se culpando."
A terapeuta Cezar-Ferreira
afirma que é fundamental que
esses pais passem por uma terapia para reestruturar a unidade familiar. "É importante
que esse homem trabalhe a culpa de ter esquecido a criança, e
a mulher saiba controlar uma
possível raiva."
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