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Obra de Congonhas ameaça começo de férias
Reforma da pista principal do aeroporto não tem garantia de acabar até julho, apesar da previsão de concluí-la em 28 de junho
Intervenção deverá acarretar numa redução de 30% da capacidade total e terá menor margem para absorver atrasos de vôos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A reforma da principal pista
de Congonhas, na zona sul de
São Paulo, deve começar no
mês que vem com uma redução
de 30% na capacidade original
de vôos do aeroporto, margem
reduzida para absorver os atrasos e sem garantias de ser concluída antes das férias de julho.
O cenário de incertezas e
transtornos potenciais para
quem pretende embarcar ou
desembarcar no mais movimentado aeroporto do país nos
próximos meses foi traçado ontem, depois de uma audiência
pública para discutir a obra.
Ela resultou na assinatura de
um Termo de Ajustamento de
Conduta pela Infraero, Anac e
Ministério Público Federal.
No TAC, os órgãos da aviação
se comprometeram a reduzir a
hora de funcionamento de
Congonhas em relação a hoje e
a Procuradoria da República, a
retirar um processo judicial.
O aeroporto hoje, durante as
obras da pista auxiliar, funciona das 5h30 à 0h30. O normal
era das 6h às 23h. Na reforma
da principal (período em que só
funcionará a auxiliar), será das
5h30 à 0h de segunda a sexta,
das 6h às 23h aos sábados e das
7h à 0h aos domingos.
O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira,
disse que a previsão é fazer as
intervenções na pista principal
de Congonhas entre 14 de maio
e 28 de junho -na última quinta-feira pré-férias escolares.
"Estou muito preocupado,
mas nossa engenharia está
orientada a estabelecer seu máximo de eficácia", afirmou.
Há duas semanas, ele previa
que as obras começariam em 1º
de maio. O começo da reforma
da pista principal ainda depende do fim das melhorias da pista auxiliar -cujo prazo é 27 de
maio, mas pode ser adiantado-
e também do próprio contrato.
Ao custo de R$ 17 milhões,
ele será feito sem licitação, mas
até ontem a Infraero não sabia
de que forma -se fará um contrato de emergência ou um aditivo com a empreiteira atual,
mais rápido, porém alvo de diversos questionamentos.
"É uma guerra jurídica. Vamos contratar um 0800 e perguntar: quem quiser emergencial vote 0800....", chegou a
brincar Pereira ontem.
A reforma da pista auxiliar de
Congonhas a partir de fevereiro já reduziu de 48 para 37 a capacidade de vôos por hora do
aeroporto, que ficará reduzida
ainda mais nas obras da principal -entre 28 e 33 por hora.
Na prática, isso significa menor oferta e remanejamento de
vôos para Guarulhos.
O limite sugerido pela Anac
ficou abaixo do que queriam as
companhias aéreas, mas descumpriu a recomendação original do Decea (Departamento
de Controle do Espaço Aéreo).
O tenente-coronel Gustavo
Camargo, representante do órgão ligado à Aeronáutica, disse
ontem que "com 33 operações
por hora [limite máximo de segurança], não há como absorver atrasos" e, por esse motivo,
havia a recomendação de 28.
Após negociação, ficou definido que na maior parte do
tempo haverá até 33, e nas horas mais tranqüilas, 28. Na prática, a margem para conter
atrasos em cascata será menor.
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