São Paulo, Quarta-feira, 14 de Abril de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA
Apuração preliminar da comissão de ética afirma que "existem mais do que indícios" envolvendo ex-vereador
Assembléia liga Garib à rede de corrupção

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

"Existem mais do que indícios de que o ex-vereador e hoje deputado estadual Hanna Garib esteja envolvido de alguma forma no esquema de propina e corrupção na administração pública de São Paulo."
Essa foi a conclusão da apuração preliminar do conselho de ética da Assembléia Legislativa, aprovada ontem por todos os nove integrantes. Até o deputado Carlos Braga, do PPB (mesmo partido de Garib), aprovou o texto.
O conselho decidiu também ampliar a apuração, até aqui restrita ao inquérito policial e à CPI da Câmara. Até agora, há três suspeitas contra Garib: envolvimento em cobrança de propina, crime eleitoral e tentativa de homicídio.
Agora, será investigada também a relação de Garib com irregularidades no PAS (Plano de Atendimento à Saúde da Prefeitura de São Paulo) e na coleta de lixo.
Será apurada ainda uma conta bancária que Garib admitiu manter em Miami, mas que não consta de sua declaração de bens.
Garib informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que confia "na seriedade e na isenção" do conselho de ética. Em nota, o deputado afirma que o relatório do conselho "não é conclusivo" e questiona a decisão do conselho de incluir suspeitas que "já foram abandonadas pela polícia e Ministério Público".
Ainda ontem, o relatório seguiu para a Mesa da Assembléia, formada pelo presidente, Vanderlei Macris (PSDB), e os secretários Roberto Gouveia (PT) e Pascoal Thomeu (PPB). É a Mesa que decide se abre uma investigação formal sobre Garib. E propõe, de antemão, que punição cabe ao deputado.
A decisão será tomada hoje, em reunião marcada para as 16h.
E deve ser pela perda do mandato, por quebra do decoro parlamentar, segundo apurou a Folha.
"Levando em consideração o relatório e as conclusões aprovadas por unanimidade pelo conselho, não deve haver dúvida de que houve quebra do decoro. Na minha opinião, a Mesa deve representar visando a perda do mandato", disse ontem Roberto Gouveia.
A decisão da Mesa não significa que o deputado está cassado.
Significa que Garib será investigado pelo conselho de ética, que terá, agora, poder para convocar pessoas e pedir documentos, inclusive sobre fatos ainda não apurados. Garib tem cinco sessões para se defender.
No final, o conselho decide se confirma ou não a proposta da Mesa, ou seja, se é o caso de cassar o mandato do deputado. Esse parecer tem que ser aprovado por 47 deputados.


Texto Anterior: Justiça deve se afastar das arquibancadas
Próximo Texto: Prefeito de São Paulo quer fazer acusações contra o PT na CPI
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.