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VIOLÊNCIA
Menores são os autores da maioria desses crimes; zona leste da cidade é a que tem maior número de ocorrências
Roubos a ônibus aumentam 9,5% em São Paulo
PAULO ROBERTO LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Os roubos a ônibus na cidade de
São Paulo aumentaram 9,5% no
primeiro trimestre deste ano em
relação a igual período de 2000.
Trata-se de um delito cujos autores são quase exclusivamente
menores de idade. "São jovens
iniciantes no roubo", afirma José
Peres Netto, estatístico e pesquisador do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial.
Ao analisar levantamento feito
pelo SPTrans (órgão responsável
pelo gerenciamento do transporte
coletivo), Netto verificou que os
registros desse tipo de ocorrência
estão concentrados em distritos
policiais da zona leste.
O 50º DP, que fica no bairro de
Itaim Paulista e abrange uma população de aproximadamente 300
mil pessoas, apresentou o maior
número de roubos, 174.
Com revólver de verdade ou de
brinquedo ou simulando estar
com algo que possa causar ferimento, como faca de cozinha, os
menores obtêm por roubo uma
média de R$ 50, incluindo vales-transporte, que costumam representar mais de 50% desse valor.
Esses adolescentes são os principais fornecedores do mercado
de vale-transporte roubado, cujo
valor de face é R$ 1,15 e é vendido
na faixa de R$ 0,90 a R$ 1.
"Eles [os adolescentes" acham
que vão ficar impunes", afirma
Roberto Krasovic, delegado titular do 50º DP. Como exemplo, ele
cita o caso do rapaz que ficava tomando cerveja em um bar à espera do ônibus para roubá-lo.
"Após o roubo, ele voltava para a
cerveja", segundo o delegado. As
vítimas são, em sua maioria, os
cobradores. "Poucos passageiros
são assaltados", diz Krasovic.
O 75º DP (Jardim Arpoador, zona oeste) apresentou o segundo
maior número de ocorrências do
primeiro trimestre, 128.
Para o delegado Archimedes
Cação Veras Júnior, titular do distrito, o roubo a ônibus, mais do
que qualquer outro tipo de delito,
"é um problema social". A área do
DP tem 160 mil pessoas, moradoras de bairros pobres e de favelas.
Ele atribui o número de ocorrências, em parte, ao fato de o distrito
estar perto de uma garagem de
ônibus. "Com isso, há mais facilidade para o registro dos roubos."
Para o pesquisador Netto, "se o
Infocrim [sistema informatizado
das ocorrências policiais com terminais instalados nas delegacias"
estivesse funcionando ou sendo
utilizado não estaria havendo
agora esse aumento de assaltos a
ônibus". "São crimes repetitivos,
que acontecem com maior frequência em determinados locais,
dias e horários."
Ele não entende como pôde
passar despercebido para os policiais do 69º DP (Teotônio Vilela,
zona leste) no ano passado o fato
de dois terços dos roubos a coletivos terem acontecidos em um trecho da avenida Sapopemba entre
os números 10.000 e 15.000.
No primeiro trimestre deste
ano, a avenida Sapopemba continuou sendo um dos locais onde
mais ocorreram roubo a ônibus.
Em fevereiro, por exemplo, dos 56
casos registrados no 69º DP, 25
aconteceram naquele local. Netto
teme que a violência nos ônibus
volte ao patamar de 1999 -2.794
casos no primeiro trimestre.
Antonio Sampaio Amaral Filho,
diretor jurídico do Transurb (sindicato das empresas), diz estar
preocupado com a segurança dos
usuários. Chama-lhe a atenção a
tendência, "ainda que tênue", de a
Justiça responsabilizar as empresas pelo que possa acontecer com
passageiros em casos de violência.
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