São Paulo, segunda-feira, 14 de maio de 2001

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Avenida Sapopemba concentra casos

DA REPORTAGEM LOCAL

Na sexta-feira, a balconista Eliana Gonçalves, 25, e dois sobrinhos viram um roubo a um cobrador na avenida Sapopemba, zona leste de São Paulo. "Aqui isso é rotina."
É difícil encontrar na avenida, uma das mais movimentadas de Sapopemba, cobrador ou motorista que não tenha sido assaltado.
No primeiro trimestre deste ano, o 69º DP registrou 112 roubos a ônibus -59 nessa avenida.
Para a cobradora Maria Aparecida Alves da Silva Lopes, 40, "os ladrões são "noinhas" [viciados"". O delegado Paulo Thomaz de Carvalho Filho, do 69º DP, confirma que jovens roubam pelo vício. "Eles já descem do ônibus perto de um ponto de venda de droga."
Levantamento do pesquisador José Peres Netto mostra que a maioria dos roubos ocorre das 18h às 23h. Segundo Maria Aparecida, é para evitar linchamento, pois os ônibus estão mais vazios.
À noite, os motoristas experientes não param em qualquer ponto. Alguns, como Umbelino Gonçalves, 46, pagam seguro de vida.
Um dos pontos mais perigosos é o "escadão", rampa usada por moradores do conjunto Teotônio Vilela para chegar à avenida. "Os bandidos, à noite, ficam ali", diz o cobrador José Carlos Tambara, 52, que foi transferido de linha.
O cobrador Gilson Jesus da Silva, 26, diz que falta policiamento. "Quando você mais precisa, eles (policiais) não aparecem." A passageira Maria de Lurdes, 57, diz que falta a comunidade combater o consumo de drogas.
O Jardim Sapopemba faz parte de um distrito que, com cerca de 253 mil habitantes, tem índices crescentes de violência.
Segundo o Mapa da Exclusão/ Inclusão Social 2000, coordenado pelo Núcleo de Pesquisas em Seguridade Social da PUC-SP, o número de homicídios por 100 mil habitantes na região subiu de 46,70, em 1996, para 77,68. Estudo da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) aponta Sapopemba como uma das cinco grandes "fábricas" de menores infratores na cidade. (PRL)



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