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São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 2003

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Em Campinas, 13 soldados são afastados após morte de 2 rapazes

DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

O comando da Polícia Militar de Campinas afastou ontem 13 soldados da Rotac (Rondas Táticas de Campinas), acusados por moradores de uma favela de terem matado dois rapazes em um suposto tiroteio que durou mais de meia hora, na noite de terça-feira da semana passada.
Willian Douglas Santos, 20, e Fabrício Francisco da Conceição, 24, segundo testemunhas, morreram após terem sido baleados pelos policiais militares.
O pai de uma das vítimas, Juraci Souza Santos, 49, afirma ter visto seu filho com vida dentro de um dos carros da Rotac. "Ele fez um sinal para mim de dentro do carro e depois eu o vi morto no hospital. Eles foram mortos em outro lugar", afirma.
Segundo Santos, seu filho teria levado um tiro na perna antes de ser levado pelos policiais.
Um outro morador, que não quis se identificar por temer represálias da PM, disse que viu um outro rapaz ser espancado pelos policiais da Rotac. Um terceiro rapaz também teria sido baleado.
No boletim de ocorrência registrado no plantão do 5º Distrito Policial, os policiais informaram que foram até o local para atender a uma denúncia sobre tráfico de entorpecentes e que atiraram após terem sido recebidos com disparos, que atingiram os carros. Duas armas foram apreendidas e entregues à Polícia Civil.
Segundo o relato dos policiais, Santos atirou contra eles e Conceição tentava se esconder em um posto de combustível.
O posto, que estava fechado no momento do tiroteio, é apontado pelos moradores como o local onde os rapazes teriam sido mortos. Os dois acusados foram levados para o hospital Celso Pierro, que informou que Conceição chegou morto. Santos foi atendido, mas morreu logo depois.
O coordenador operacional do 35º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior), Israel Pilmon, informou que os policiais ficarão afastados de suas funções até o fim do inquérito policial militar instaurado pela Corregedoria da PM, em São Paulo. "Há duas versões, e existe uma operação em curso para determinar quem está com a verdade", afirmou Pilmon.
As armas utilizadas pelos PMs (metralhadoras, pistolas e revólveres) foram encaminhadas para o IC (Instituto de Criminalística). Na Polícia Civil, o inquérito ainda não havia sido instaurado até a tarde de ontem. Hoje, o Ministério Público Estadual vai designar um promotor para acompanhar as apurações.


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