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PMs são suspeitos de sequestrar dois moradores de favela no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Policiais militares do 3º Batalhão (Méier, zona norte do Rio)
estão sendo investigados pela
Corregedoria Geral Unificada das
Polícias pelo suposto sequestro de
dois moradores da favela da Rocinha (São Conrado, zona sul), desaparecidos desde quarta-feira da
semana passada.
A nova acusação contra os PMs
surge no momento em que outras
denúncias de irregularidades cometidas por policiais são investigadas. Só na semana passada, 11
PMs foram presos sob suspeita de
extorsão ou de envolvimento com
traficantes de drogas.
Segundo informações passadas
à Corregedoria, na tarde do dia 6,
o motoboy Lúcio Vagner Nunes,
23, deixou a Rocinha para levar
um morador ao morro São João
(Engenho Novo, zona norte). O
acompanhante estaria carregando um envelope com R$ 500.
Por volta das 14h, o motoboy teria telefonado para a mãe, Maria
Lúcia Nunes, dizendo que tinha
sido parado em uma blitz da Polícia Militar na rua São Paulo, no
bairro do Sampaio, em frente ao
hotel Rosa da Vila e próximo ao
morro São João. Ele não teria dado maiores detalhes porque o celular ficou mudo.
Duas horas depois, um policial
teria ligado para Maria Lúcia dizendo que não liberaria o filho assim tão fácil, porque achava que
ele estava "certinho demais". Depois da ligação, mais nenhum
contato foi feito.
Depois de receber informações
sobre os desaparecimentos, agentes da Corregedoria fizeram uma
ronda em Sampaio, onde constataram que havia uma blitz da PM
exatamente em frente ao hotel. Os
agentes comunicaram o fato ao
comando do 3º Batalhão, que alegou desconhecer a ocorrência.
A Corregedoria passou a ligar
para o celular de Nunes, mas ninguém atende. Os agentes encarregados da investigação acreditam
que o passageiro da motocicleta
seja traficante e pode ter sido vítima de uma extorsão.
O comandante do 3º Batalhão,
tenente-coronel Paulo Mouzinho,
afirmou que é "muito precoce"
dizer que policiais de sua unidade
estejam envolvidos com o desaparecimento dos dois moradores,
mas defendeu a investigação.
O episódio que envolve os moradores da Rocinha é parecido
com o ocorrido no morro do Turano na semana passada. Nove
PMs do 6º Batalhão (Tijuca, zona
norte) foram presos por terem supostamente espancado, extorquido dinheiro e sequestrado dois
moradores da favela. As vítimas
estão desaparecidas.
Policiais do mesmo batalhão
também são investigados pela
morte de quatro pessoas no morro do Borel, em abril.
Na sexta-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, anunciou a prisão de um tenente e de um sargento lotados no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste).
Eles são suspeitos de participação
em "bondes" (comboio de traficantes armados) organizados pela quadrilha de Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
A Corregedoria investiga ainda
duas supostas extorsões sofridas
pelo traficante Paulo César Silva
dos Santos, o Linho, neste ano. Segundo o órgão, Linho, o traficante
mais procurado do Rio, teria sido
preso duas vezes por uma mesma
equipe de policiais civis -e teria
pago R$ 800 mil para ser solto.
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