São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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Novo modelo reduz receita do sistema

DA REPORTAGEM LOCAL

A implantação do bilhete único e de novos corredores de ônibus acelera as preocupações futuras sobre as formas de cobrir os custos do sistema de transporte.
Na visão de técnicos, a explicação é simples: com a ampliação e a modernização da infra-estrutura, os gastos com manutenção aumentam; e, com a vantagem das baldeações gratuitas, a tendência é haver diminuição da receita, assim como quando houver integração com metrô e trem.
"O grande nó será a política tarifária", afirma Reginaldo Paiva, do Instituto de Engenharia. "O bilhete único tende a diminuir a arrecadação. Vai faltar dinheiro. Quem entrar [na prefeitura a partir de 2005] precisará ter coragem para tomar alguma decisão", afirma Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa, em referência a um aumento de tarifa, que está em R$ 1,70 desde 2003, mas que poderia acabar com os benefícios sociais do novo sistema, ou à injeção de mais recursos públicos.
A administração Marta Suplicy suspendeu a concessão de subsídios em maio de 2001 (e criticou essa prática), mas voltou a dar recursos públicos aos operadores, como forma de bancar a gratuidade de idosos, no ano passado. Desde então, essas despesas passam de R$ 17 milhões por mês.
O secretário Jilmar Tatto evita reconhecer preocupação com essa elevação de gastos. Fala que ela será compensada pela otimização dos custos (maior velocidade dos ônibus) e atração de novos passageiros ao sistema de transporte.
Tatto afirma que a atual tarifa -de R$ 1,70- não está defasada e diz não cogitar uma elevação no começo de 2005 sob a alegação de que confia "na política do governo federal" -que controlaria a inflação e aqueceria a economia, incentivando mais viagens.
O secretário alega que os 400 km de faixas de ônibus anunciadas serão atingidos num segundo mandato. Entre as obras que não foram concluídas está a do Fura-Fila (atual Paulistão).
Segundo Tatto, a construção de mais corredores não foi possível por causa de atraso na liberação de verba do BNDES (que financia parte dos investimentos) e "para evitar transtornos". "Em vez de abrir novas frentes, também tivemos a preocupação de recuperar os existentes, cuja situação era muito ruim", afirma.


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