São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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BARBARA GANCIA

Correspondente não merece oba-oba

Um oficial do Exército iraquiano afirma que alguns dos soldados envolvidos na tortura de prisioneiros iraquianos foram "treinados em práticas de sodomia". Cuma? Pois eu não durmo enquanto alguém não esclarecer como funciona um "treinamento" desses. Considerando que a sodomia, assim como o tango, é um ato que requer duas pessoas para ser levado a cabo, fico pensando como é feita a seleção dos "voluntários" que participam dos exercícios. Suponho que alguns devem sair do curso mais sorridentes do que outros, né não?
 
Não dá para entender a birra de Lula com o correspondente do jornal "The New York Times". Alô, senhor presidente! Se o cara fosse bom mesmo, será que estaria cobrindo o Brasil a partir do Rio? E se fosse tão importante quanto o senhor o está tornando, será que a fonte mais quente que ele ouviria seria um Leonel Brizola de chinelos?
E, vamos e venhamos, senhor presidente. O correspondente mentiu quando disse que seus hábitos etílicos são uma "preocupação nacional". Não são. Mas até eu, que não passo de uma datilógrafa de luxo, já notei sua insistência em percorrer os salões de Brasília acompanhado de um copo de destilado. O senhor deve lembrar que, tempos atrás, aqui mesmo neste espaço, já lhe foi recomendado que evitasse fazer discursos depois que o garçom passa com a bandeja de drinques.
Para que descer ao patamar de um Somoza ou de um Stroessner por tão pouco? Insinuar que a reportagem do gringo pode estar relacionada a insatisfações do governo dos EUA com nossa política externa não é coisa do seu feitio, senhor presidente. Ou será que alguém duvida de que o "NYT" é uma publicação independente, que não se prestaria ao papel de garoto de recados do governo norte-americano?
 
Recebi com grata surpresa um e-mail assinado pela Associação de Pais e Mestres da Escola Britânica de São Paulo. A entidade é presidida por Jacqueline Maluf, nora do ex-prefeito e autora da mensagem. Ela me pede um texto para o jornal da associação e destaca a admiração pelo meu "sucesso como jornalista". Considerando as vezes que esta coluna já se posicionou contra as manobras urdidas por Maluf, o elogio ganha significado. Pena que o "timing" tenha deixado a desejar.
Por falar em maquinações, que história é essa de doar o dinheiro das contas no exterior à Santa Casa? Aquela dinheirama já tem dono e deve voltar o quanto antes aos cofres públicos da cidade!

QUALQUER NOTA

Revertério
No mesmo dia em que esta coluna saiu com o título "Urubus sempre rondam os menos afortunados", a TV Record exibiu, no "Fala que Eu te Escuto", a foto mencionada no texto, do urubu e do bebê, e uma enquete: "Dos abutres que estão à espreita dos menos favorecidos, qual o pior?". A exploração da miséria por programas vespertinos não foi nem sequer citada.

Mixuruca
O "Jornal Nacional" deu amplo espaço à mostra sobre o Brasil, que está na loja Selfridge's de Londres. Quem viu de perto diz que já encontrou coisa melhor em banquinha de camelô.

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