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Criticado, grupo da USP para de pedir doação
Homenagem a doadores em salas da Faculdade de Direito causou polêmica entre alunos e professores, que reprovam o ato
Entidade de ex-alunos diz que, em razão das críticas, interrompeu a arrecadação de verbas para viabilizar a reforma de mais seis salas
UIRÁ MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável por arrecadar
mais de R$ 2 milhões de apenas
dois doadores, a Associação dos
Antigos Alunos da Faculdade
de Direito da USP parou de passar o chapéu entre ex-alunos
após a reação negativa ao batismo das ultramodernas salas
Pedro Conde (1922-2003) e Pinheiro Neto (1917-2005).
"Aqueles que protestam contra a escolha dos nomes estão
discutindo o sexo do anjos e
prestando um desserviço à faculdade. Com a confusão, tivemos que interromper a arrecadação de verbas para a reforma
de outras seis salas", afirma José Carlos Madia de Souza, presidente da entidade.
A nomeação das salas foi determinada por portaria do ex-diretor João Grandino Rodas
(atual reitor da USP). Alunos e
professores questionam a legalidade do ato, que não teria observado os ritos necessários, e a
pertinência da escolha, que
rompe com a tradição de dar às
salas nomes de ex-professores.
Segundo Souza, a discussão
não existe. "Para nós, a única
regra era prestar homenagem a
ex-alunos, e isso Conde e Pinheiro Neto são. Os dois foram
figuras muito bem-sucedidas e
suas famílias resolveram retribuir a formação que receberam
na faculdade."
Com a polêmica, ainda de
acordo com Souza, ex-alunos
que pretendiam doar quantias
em torno de R$ 1 milhão voltaram atrás. "Quem quer ser objeto de protesto? Vai levar um
tempo até que a gente consiga
recuperar a confiança para obter novos investimentos."
Na faculdade, a sala Pinheiro
Neto, localizada no piso térreo,
teve uma das placas com o nome do patrono coberta por uma
faixa preta. Outra placa foi arrancada da parede.
Contrapartida
Pedro Conde Filho, ex-aluno
da faculdade, diz lamentar a
reação dos alunos e afirma que
não esperava os protestos contra o nome de seu pai.
"A faculdade precisa se modernizar, mas o Estado não tem
condições de arcar com isso.
Por que ex-alunos bem-sucedidos seriam impedidos de colaborar? Muitas faculdades, no
Brasil e no mundo, adotam esse
modelo. Agora, não dá para pedir contribuição e não dar nada
em troca", diz Conde Filho.
Alexandre Bertoldi, em nome do escritório Pinheiro Neto,
enviou no final de abril uma
carta ao diretor da faculdade
dizendo que a doação feita para
modernizar a sala não exigia
nenhuma contrapartida.
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