São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2010

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Criticado, grupo da USP para de pedir doação

Homenagem a doadores em salas da Faculdade de Direito causou polêmica entre alunos e professores, que reprovam o ato

Entidade de ex-alunos diz que, em razão das críticas, interrompeu a arrecadação de verbas para viabilizar a reforma de mais seis salas

UIRÁ MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Responsável por arrecadar mais de R$ 2 milhões de apenas dois doadores, a Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP parou de passar o chapéu entre ex-alunos após a reação negativa ao batismo das ultramodernas salas Pedro Conde (1922-2003) e Pinheiro Neto (1917-2005).
"Aqueles que protestam contra a escolha dos nomes estão discutindo o sexo do anjos e prestando um desserviço à faculdade. Com a confusão, tivemos que interromper a arrecadação de verbas para a reforma de outras seis salas", afirma José Carlos Madia de Souza, presidente da entidade.
A nomeação das salas foi determinada por portaria do ex-diretor João Grandino Rodas (atual reitor da USP). Alunos e professores questionam a legalidade do ato, que não teria observado os ritos necessários, e a pertinência da escolha, que rompe com a tradição de dar às salas nomes de ex-professores.
Segundo Souza, a discussão não existe. "Para nós, a única regra era prestar homenagem a ex-alunos, e isso Conde e Pinheiro Neto são. Os dois foram figuras muito bem-sucedidas e suas famílias resolveram retribuir a formação que receberam na faculdade."
Com a polêmica, ainda de acordo com Souza, ex-alunos que pretendiam doar quantias em torno de R$ 1 milhão voltaram atrás. "Quem quer ser objeto de protesto? Vai levar um tempo até que a gente consiga recuperar a confiança para obter novos investimentos."
Na faculdade, a sala Pinheiro Neto, localizada no piso térreo, teve uma das placas com o nome do patrono coberta por uma faixa preta. Outra placa foi arrancada da parede.

Contrapartida
Pedro Conde Filho, ex-aluno da faculdade, diz lamentar a reação dos alunos e afirma que não esperava os protestos contra o nome de seu pai.
"A faculdade precisa se modernizar, mas o Estado não tem condições de arcar com isso. Por que ex-alunos bem-sucedidos seriam impedidos de colaborar? Muitas faculdades, no Brasil e no mundo, adotam esse modelo. Agora, não dá para pedir contribuição e não dar nada em troca", diz Conde Filho.
Alexandre Bertoldi, em nome do escritório Pinheiro Neto, enviou no final de abril uma carta ao diretor da faculdade dizendo que a doação feita para modernizar a sala não exigia nenhuma contrapartida.


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