São Paulo, quarta, 14 de maio de 1997.



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9 são transferidos de cadeia em Praia Grande

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Praia Grande

Mais de 41 horas depois de iniciada a rebelião dos 272 presos da cadeia pública da Vila Tupy, em Praia Grande (litoral de SP), começou a transferência de presos do regime semi-aberto para o presídio de Mongaguá.
Até as 19h, os presos se mantinham fora das celas e nenhum funcionário da cadeia entrava no pátio, sob controle dos rebelados.
Segundo o diretor da cadeia, Carlos Topfer Schneider, o pedido feito aos amotinados, em troca da remoção de parte dos detentos, foi o da manutenção da integridade física dos presos do "seguro" (celas onde ficam os jurados de morte).
A PM, que mantém 24 homens em torno da cadeia, registrou na tarde de ontem evidências de que um túnel estaria sendo cavado pelos detentos. Os policiais ouviram ruídos de escavações próximo a um dos muros laterais da cadeia.
O delegado Schneider recebeu às 18h30 uma autorização da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penais) para transferir nove detentos com direito a cumprir pena em presídios de regime semi-aberto. Com isso, começaram as transferências.
As transferências dos presos com direito ao semi-aberto era a condição imposta pelos amotinados para encerrarem a rebelião.
De uma lista de 37, entregue pelos presos ao diretor da cadeia, só 17 foram considerados em condições de receber o benefício. Seus nomes foram encaminhados à corregedoria.
Dos 17, a corregedoria autorizou a mudança de apenas nove. Os demais, segundo avaliação da corregedoria, têm impedimentos legais que não lhes dão direito ao semi-aberto. Os policiais temiam o risco de novos distúrbios na cadeia caso as remoções não fossem efetuadas ainda ontem.
Receavam também a reação dos presos quando fossem informados de que somente nove dos 37 teriam direito ao semi-aberto.
Após a saída dos presos que vão para o semi-aberto, outros seis, que cumprem pena em regime fechado, seriam removidos para presídios no interior do Estado.
Eles fazem parte de um grupo de dez, dos quais quatro já foram transferidos anteontem para a penitenciária do Estado e o presídio de Parelheiros, em São Paulo.



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