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PITTAGATE
Ex-interino afirma que não crê em revisão da sentença por parte do STJ e muito menos na aprovação do impeachment de Pitta
"Sou um prefeito destituído", diz Regis
THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dezenove dias depois de assumir como prefeito interino, Regis
de Oliveira deixou a Prefeitura de
São Paulo às 17h39 de ontem sem
esperanças de retornar ao poder.
É a segunda vez que ele joga a
toalha. Em abril, anunciou que seria candidato a prefeito por não
mais acreditar que a Justiça pudesse tirar Celso Pitta do cargo.
"Fui desembargador e nunca vi
uma coisa dessas", disse Regis a
assessores se referindo à sentença
do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que devolveu o cargo de prefeito a Pitta dez dias depois de ter
tomado decisão oposta.
Afirmou que não acredita em
uma revisão da sentença do STJ.
Também descartou a aprovação
do impeachment pela Câmara
Municipal com Pitta sentado na
cadeira de prefeito.
Regis não terá oportunidade de
retornar à prefeitura pelo voto
porque anteontem deixou o seu
antigo partido, o PMN (leia texto
nesta página). O prazo para troca
de legendas para as eleições de
outubro está encerrado.
"Sou um prefeito destituído",
definiu-se na saída do prédio da
prefeitura, na região central da cidade. "Vou agora cuidar do meu
escritório de advocacia."
Ele soube do resultado do julgamento do STJ por volta das 16h
pela Internet. Não demonstrou
surpresa. "Vamos arrumar nossas coisas", disse.
Pediu às secretárias que empacotassem objetos e um microcomputador pessoal, que ontem
mesmo foram levados para o seu
escritório.
O ex-prefeito interino suspeitava que poderia ser afastado do
cargo desde segunda-feira à tarde,
quando foi informado que o STJ
havia decidido realizar novo julgamento. Avaliava que, ao permitir um novo julgamento, o tribunal apontava a favor de Pitta.
Ao contrário dos outros julgamentos em São Paulo e Brasília
envolvendo o comando da prefeitura paulistana, ontem Regis não
tinha um enviado acompanhando o caso. Depois, reconheceu
que a decisão foi um erro.
Alguns assessores fizeram circular versão, sem provas, de que
empresários ligados ao setor de
coleta de lixo teriam feito lobby a
favor do retorno de Pitta. A prefeitura deve R$ 189 milhões às
empresas do setor.
Publicamente, Regis fez um discurso cuidadoso. "A cidade sofre
com essa descontinuidade administrativa. A troca de prefeitos é
ruim para a administração, que
precisa de um rumo", disse.
Também não fez comentários
agressivos à decisão do STJ. "Foi
uma decisão técnica, não cabe a
mim recorrer."
Nas avaliações do staff de Regis,
o julgamento de ontem do STJ é
quase final. Existem brechas para
recursos, mas para eles não há
tempo suficiente para que o caso
seja definido antes de dezembro,
quando termina o mandato de
Celso Pitta.
Ao sair da prefeitura, Regis foi
para casa. Pretende viajar nos
próximos dias.
Seu último ato administrativo
seria entregar doação de R$ 2,5
milhões para o hospital Santa
Marcelina, na zona leste. A entrega do cheque já assinado estava
programada para hoje.
Erros
Extraoficialmente, o staff de Regis avalia que ele cometeu cinco
erros na sua curta administração
na prefeitura.
O primeiro foi não ter visitado a
Câmara e montado uma bancada
leal. A falta de vereadores ao seu
lado será decisivo na votação do
impeachment de Pitta.
O segundo erro foi ter desprezado os recursos dos advogados de
Pitta. Deixou de acompanhar os
trâmites no STJ e soube do novo
julgamento pelos jornais.
Outro engano foi de imagem.
Regis passou a gestão anunciando
muito, mas fazendo pouco.
Os planos divulgados eram de
valores altos e mesmos programas de preço baixo (como o aumentar a limpeza das ruas) não
foram implementados.
Também não avançou nos contatos com empresários e fornecedores da prefeitura.
Por último, a equipe falhou ao
não ajudar as investigações do
Ministério Público. A principal
alegação dos promotores no pedido de afastamento de Pitta era
que o prefeito atrapalhava as investigações. Essa tese seria provada se no período Regis fossem
descobertas novas provas contra
Pitta.
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