São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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FHC permitiu circulação "livre"

DA REPORTAGEM LOCAL

Pela versão inicial do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), as motos estariam proibidas de circular no espaço entre duas fileiras de carros. A restrição era prevista no artigo 56, vetado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
O código entrou em vigor em janeiro de 1998. A justificativa do governo para vetar essa norma é que a agilidade das motos seria afetada, comprometendo a utilização desse tipo de veículo.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo se posicionava de maneira favorável ao artigo 56 do CTB.
"Na época, defendemos que as motos deveriam rodar nas faixas, atrás dos carros, por uma questão de segurança", diz Irineu Gnecco Filho, que atualmente é diretor de operações da empresa.
Ele admite, porém, que haveria dificuldades para fiscalizar essa infração. Esse é um dos principais motivos que levam José do Espírito Santo, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito, de Brasília, a defender a decisão de vetar essa norma.
"Seria inviável. Não adianta fazer uma regra para não ser cumprida e nem fiscalizada", diz Espírito Santo, que, como advogado, participou da elaboração do Código de Trânsito Brasileiro.

Congestionamento
Reginaldo Paiva, diretor do departamento de transportes do Instituto de Engenharia, também aponta problemas em restringir a circulação das motos entre as fileiras de carros. "Não dá para reverter, tirando a versatilidade das motos", afirma.
Paiva diz que a lentidão no trânsito poderia aumentar se os motociclistas fossem obrigados a andar nas faixas, atrás dos demais veículos. "A moto é um veículo adaptado para fugir dos congestionamentos de alguns centros urbanos, como São Paulo. Querer confinar a moto é trazer ainda mais problemas para nosso trânsito."
De acordo com Espírito Santo, as prefeituras deveriam fazer estudos para restringir a circulação de motos apenas em algumas ruas e avenidas. "Naquelas em que há mais perigo, em razão da largura das vias, por exemplo. É mais fácil de fiscalizar do que se proibirem que elas rodem entre os outros veículos", afirma o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito.


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