São Paulo, quinta-feira, 14 de junho de 2001

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MORTE DO TITÃ

Para praticantes de cooper na av. Sumaré (zona noroeste), medo de atropelamento aumentou após racionamento

Corredor teme mais carro do que assalto

DA REPORTAGEM LOCAL

Os praticantes de cooper que usam o canteiro central da avenida Sumaré, na zona noroeste, dizem ter mais medo de serem atropelados do que assaltados. Para a maioria, o plano de racionamento de energia deixou a via muito escura e mais perigosa.
"A escolha das luminárias a serem apagadas foi malfeita. Existem zonas totalmente escuras no canteiro porque há três, quatro desligadas, uma seguida da outra", diz a bancária Domitila Figueira, 48, que faz caminhadas na avenida junto com o marido.
Árvores arrancadas por desastres automobilísticos, carros que fazem conversão proibida na avenida e motos que trafegam pelas calçadas são fatos comuns, narrados pelos corredores.
"A gente vê muita imprudência. Os motoristas entram na contramão mesmo. Apesar de ter ficado mais perigoso, eu não mudei meus hábitos depois do racionamento", diz o vendedor Luiz Carlos de Farias, 46, que corre na Sumaré há quatro anos.
Já a bióloga Heloísa Casagrande, 40, trocou o cooper e os passeios de bicicleta por caminhadas, acompanhada do seu rotweiller. "Não ando mais aqui sem ele", diz. "Você fica sem visão. A luz dos automóveis vêm nas suas costas e à frente, o que confunde. Você perde a percepção do espaço."
Segundo os praticantes de cooper, o medo de assaltos diminuiu após o deslocamento de um carro da Polícia Militar, que fica na altura da estação de metrô Sumaré.
Para o administrador de empresas Mauro Calliari, 39, a morte do guitarrista dos Titãs Marcelo Fromer não foi apenas uma fatalidade. Ele fazia cooper na mesma avenida e no mesmo horário em que o baterista do Titãs foi atropelado e conta que o trânsito caótico, a sinalização inadequada e a falta de respeito dos motoristas colocavam em risco os pedestres que passavam naquele horário pela avenida Europa.
"Muitos motoboys pilotavam na contramão e até na calçada", afirma. "Nós chegamos num ponto em que os carros não andam, os pedestres não atravessam as ruas sem se arriscar e os motoboys tudo podem."


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