São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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MÁFIA DOS FISCAIS

Decisão do TJ permite que advogados de ex-vereador peçam regime semi-aberto para o resto da pena

Justiça reduz pena de Vicente Viscome

IURI DANTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-vereador Vicente Viscome, preso desde março de 1999, teve sua pena reduzida ontem de 16 para 12 anos de reclusão. A medida abre uma brecha jurídica para que seus advogados peçam o cumprimento do resto da condenação em regime semi-aberto. Cabe recurso da decisão, tomada pelo Tribunal de Justiça.
Viscome foi o primeiro vereador cassado na história da Câmara Municipal, em 1999, acusado de integrar a chamada "máfia dos fiscais" e de comandar um esquema de corrupção na Administração Regional da Penha (zona leste), órgão que controlou politicamente até o final de 1998.
A condenação em primeira instância veio em maio de 2000. Viscome é culpado por ter praticado concussão (extorsão) e formação de quadrilha.
O caso veio à tona quando um agente vistor da Administração Regional de Pinheiros (zona oeste) foi preso em 1998 recebendo cheques no valor de R$ 30 mil para evitar aplicação de multas. Uma agenda encontrada com ele revelou o nome de diversos participantes do esquema.
A Folha apurou que o Ministério Público recorrerá da decisão porque não houve unanimidade entre os três juízes. Os advogados de defesa poderão pedir a progressão de pena daqui a um mês, quando a decisão for publicada. O benefício pode vir a ser concedido porque Viscome já cumpriu mais de 1/6 da pena de 12 anos.
Os representantes do ex-vereador afirmaram ontem que só irão se manifestar após a publicação do acórdão (decisão em conjunto dos juízes), que deve acontecer em até 30 dias. Depois disso, começa a ser contado o prazo para entrada dos pedidos de recurso.

Avaliação
Para que Vicente Viscome possa receber o benefício da progressão de pena, é preciso uma avaliação do Departamento de Execuções Criminais (Decrim), do TJ. Após o pedido dos advogados, Viscome passará por uma "análise das características subjetivas" e por um "exame criminológico".
As avaliações levam em conta, segundo a assessoria de imprensa do TJ, se o réu possui, por exemplo, bom comportamento na prisão. A Folha apurou que não há registro de má conduta na vida penitenciária de Viscome.
O ex-vereador está preso desde junho de 2001 no Centro de Observação Criminológica do Carandiru (zona norte). No regime semi-aberto, o preso trabalha durante o dia e dorme na prisão.



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