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TRANSPORTE
Comércio paralelo pode servir para burlar a taxa de administração
Perueiro admite vender passe a camelô
DO "AGORA"
Parte dos 5.132 perueiros de São
Paulo deixou de repassar à prefeitura os passes que recebe dos passageiros. A SPTrans (empresa que
administra o sistema de ônibus)
reconhece o golpe e diz que as lotações serão punidas.
Dois dos oito consórcios cadastrados para transportar os usuários confirmaram ontem à reportagem que até 50% dos seus perueiros não repassam os passes às
cooperativas. "Estamos tentando
orientá-los sobre esse problema"
disse Senival Pereira de Moura,
diretor da CooperAlfa.
De acordo com Moura, como as
lotações demoram cinco dias para
serem reembolsadas pela prefeitura, os perueiros preferem vender os passes a camelôs -o que é
possível porque não há catraca
nas lotações. "Os motoristas precisam pagar suas contas e não podem esperar."
Na hora de repassar o dinheiro
aos perueiros, a SPTrans desconta
R$ 0,02, taxa cobrada para gerenciamento, fiscalização e planejamento do sistema. Na negociação
direta com os camelôs, os perueiros se livram da taxa e a SPTrans
deixa de ganhar o dinheiro.
De acordo com o diretor financeiro do sistema, Adalto Farias,
com o comércio ilegal dos passes,
a empresa deixa de produzi-los, já
que o mesmo pode ser usado diversas vezes. Segundo ele, a
SPTrans recebe 13 milhões de
passes por mês. "Calculo que nessa venda paralela 2% dos passes
não retornam diretamente à
SPTrans", disse.
São os próprios motoristas que
declaram quantos passageiros
transportaram e, consequentemente, quanto de taxa serão obrigados a pagar à prefeitura.
Menos fiscalização
O dinheiro que a SPTrans deixa
de arrecadar com a negociação
paralela de passes entre perueiros
e camelôs é destinado, originalmente, a gerenciamento, fiscalização e planejamento do sistema de
transporte da capital.
Se houver fraude, a prefeitura
terá menos dinheiro, por exemplo, para gastar com a contratação e deslocamento de fiscais.
Com menos fiscalização, atrasos
de partidas e circulação de clandestinos deixam de ser punidos.
No final, quem acaba pagando a
conta é o usuário do sistema.
O reembolso também é usado,
segundo a SPtrans, para descontar multas que os perueiros não
pagam após o vencimento.
A obrigatoriedade da troca de passes com a prefeitura entrou em vigor em abril, quando o contrato emergencial de perueiros
começou a valer.
Até a conclusão desta edição, a SPTrans não havia informado o valor do prejuízo que está tendo com o comércio clandestino de passes.
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