|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Analfabetismo zero é inviável, diz secretário
Segundo secretário de Educação de SP, "ninguém tem 100% de alfabetizados'; Estado é o 2º com maior número de analfabetos no país
Para o governo estadual, a segunda posição se deve ao fato de o Estado concentrar 23% da população de todo o país em seu território
Marlene Bergamo/Folha Imagem
|
|
Após situações embaraçosas por não saber ler, Sandra Lima, 39, começa a frequentar aulas de alfabetização no Jardim São Luiz
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Eliminar o analfabetismo é
uma missão quase impossível,
avalia o secretário de Educação
de São Paulo, Paulo Renato
Souza. "Quanto menor a taxa
de analfabetismo, maior a dificuldade de localizar e atrair os
que não sabem ler nem escrever", disse o secretário. "100%
de alfabetizados ninguém no
mundo tem."
Para o governo estadual, o fato de o Estado ocupar a segunda posição na lista dos Estados
com o maior número de analfabetos no país decorre da concentração de 23% da população
nacional em seu território.
"A redução dessa taxa, por fenômenos estatísticos que apenas refletem as dificuldades
práticas, tende a ser mais lenta
do que em Estados em que os
números são elevados", diz.
O governo alega que o combate ao analfabetismo de adultos não é responsabilidade da
administração estadual, mas
anunciou o lançamento do programa Alfabetiza São Paulo,
voltado a jovens e adultos.
Posição do MEC
André Lázaro, secretário de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC,
disse que a proporção relativamente baixa de analfabetos em
São Paulo não significa que o
problema não exista.
"Em termos absolutos, é o segundo maior número de analfabetos do país. É preciso olhar
o direito desses indivíduos, é
uma questão de enfoque da política", afirmou.
Lázaro espera aumentar, em
2009, o número de analfabetos
em classes do Brasil Alfabetizado, principal programa federal,
ao qual nem o Estado nem a
prefeitura paulistana aderiram.
"Se conseguirmos que 50%
dos matriculados sejam alfabetizados, será um bom resultado", calcula. Nos últimos anos,
a contribuição do Brasil Alfabetizado na redução do analfabetismo ficou entre 0,2 e 0,4 ponto percentual na taxa do país.
Outros fatores contribuem
para a redução: o menor número de jovens que passa dos 15
anos sem saber ler e a queda
nas taxas de natalidade e a morte dos analfabetos idosos.
Lázaro avalia que a maioria
dos analfabetos fica fora das
classes por três motivos: não
encontra turmas próximas, não
está interessada ou não acredita que possa aprender.
O secretário diz que persegue
a redução dos atuais 10% para
6,7% em 2015, segundo compromisso de 2000, da Conferência Mundial de Educação,
em Dacar (Senegal): "Não falo
em erradicação, porque supõe
um zero que não existe".
Também questionada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou até a conclusão desta
edição.
(MARTA SALOMON)
Texto Anterior: 90% dos analfabetos estão fora de cursos Próximo Texto: Analfabeto se sente impotente, diz pesquisadora Índice
|