São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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ENTREVISTA

OMS quer criar fórum para combater câncer

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A OMS (Organização Mundial de Saúde) quer que governos de países em desenvolvimento, indústrias e entidades médicas implantem um fórum para troca de experiências em políticas de prevenção e combate ao câncer.
O órgão também espera a consolidação de uma aliança por acesso igualitário aos remédios e tratamentos contra a doença.
Jacob Kligerman, 61, diretor-geral do Inca (Instituto Nacional do Câncer), representou o governo brasileiro em encontro que debateu o fórum durante o Congresso Mundial de Câncer em Oslo (Noruega), na segunda quinzena de junho deste ano.

Folha - Como foi o primeiro encontro?
Jacob Kligerman -
O primeiro encontro foi uma reunião com Gro Brundtland, diretora-geral da OMS, representantes da União Internacional Contra o Câncer, entidades médicas, de pesquisa e da indústria farmacêutica, entre outros.
A OMS fez um apelo para que a gente se organize.

Folha - Que papel o Brasil deve ter nesse fórum?
Kligerman -
Nesse encontro foi lançada a segunda edição de um livro sobre políticas nacionais contra o câncer. Vários tópicos são baseados nos programas realizados no país.
Nossa política de controle do câncer é parâmetro para a execução em países em desenvolvimento. Hoje só cinco países nas Américas têm um programa nacional de câncer: Brasil, Canadá, Chile, Colômbia e Estados Unidos.

Folha - O que justifica a ação conjunta?
Kligerman -
O câncer é a segunda causa de morte por doença no mundo. Calcula-se que em dez anos 20 milhões poderão morrer por causa da doença.

Folha - Quais são os obstáculos e as soluções?
Kligerman -
O grande obstáculo hoje no Brasil e em outros países em desenvolvimento é a dificuldade de acesso ao tratamento. Nesses países você tem concentração de tecnologia, mas também pressões por incorporação de drogas e equipamentos, mesmo sem a comprovação de sua efetividade. Países em desenvolvimento têm de evitar isso, pois só só dificulta o acesso.
A solução é disponibilizar no Brasil e nos outros países áreas de tratamento de câncer em hospitais gerais.

Folha - A pressão para melhora do acesso aos tratamentos em países pobres é semelhante a luta por acesso às drogas contra a Aids?
Kligerman -
Do ponto de vista de tratamento, a complexidade do Câncer é maior. Mais armas terapêuticas são necessárias.


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