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Rede hospitalar paulista é ampliada
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 70 casos de aborto por
anencefalia foram realizados em
São Paulo, com autorização da
Justiça, desde 1989, de acordo
com a Secretaria Municipal da
Saúde de São Paulo. Esse número
é muito inferior aos estimados
200 casos desse tipo de má-formação que ocorreriam por ano.
A enorme diferença deve-se à
falta de informação, falta de acesso e de serviços especializados.
Muitas mulheres carregam fetos
sem cérebro até que ocorra aborto espontâneo ou morram ao nascer. Desinformada, a mãe nem sabe o que é anencefalia.
Em São Paulo, por ano, há cerca
de 200 mil nascidos vivos.
De 1989 até 2002, só o Hospital
Jabaquara fazia esse procedimento na cidade de São Paulo e a tendência dos juízes era menos favorável ao aborto por anencefalia.
Segundo o médico Thomaz Gollop, desde 1989, quando o primeiro caso teria sido autorizado
pela Justiça, cerca de 3.000 abortos por anencefalia foram feitos
em todo o país.
Na cidade de São Paulo, de 1996
a 2003, foram feitos 93 abortos
por estupro e 26 por risco de vida
para a mãe. Nesses dois casos, o
aborto já é previsto em lei.
Mais hospitais
De 2002 até hoje, quatro outros
hospitais passaram a ter equipes
treinadas para realizar os abortos
legais na cidade de São Paulo.
Três outros estão passando por
treinamento.
No Brasil todo existem apenas
44 hospitais com equipes "sensibilizadas" para a prática do aborto legal. O Ministério da Saúde informa que está implantando um
programa que prevê a criação de
um centro de referência para a
mulher em todos os municípios
com mais de 50 mil habitantes.
Jorge Andalaft, que dirige uma
comissão contra a violência sexual e pelo aborto legal da Febrasgo (federação que reúne associações de ginecologia e obstetrícia
do país), é responsável por um
programa de treinamento e sensibilização de profissionais da saúde. "Muitos ainda resistem, por
questões morais", diz.
Segundo Jael de Albuquerque,
coordenadora da área temática de
saúde da mulher da Secretaria
Municipal da Saúde de São Paulo,
a secretaria disponibiliza nos postos de saúde e hospitais todos os
meios contraceptivos, incluindo a
pílula do dia seguinte.
A intenção é reduzir os abortos
clandestinos, uma das principais
causas de mortalidade materna.
Em São Paulo, a mortalidade materna caiu de 50 para 40 entre 100
mil nascidos vivos, mais ainda é o
dobro da meta preconizada pela
Organização Mundial da Saúde
(OMS).
(AB)
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