São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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Rede hospitalar paulista é ampliada

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 70 casos de aborto por anencefalia foram realizados em São Paulo, com autorização da Justiça, desde 1989, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Esse número é muito inferior aos estimados 200 casos desse tipo de má-formação que ocorreriam por ano.
A enorme diferença deve-se à falta de informação, falta de acesso e de serviços especializados. Muitas mulheres carregam fetos sem cérebro até que ocorra aborto espontâneo ou morram ao nascer. Desinformada, a mãe nem sabe o que é anencefalia.
Em São Paulo, por ano, há cerca de 200 mil nascidos vivos.
De 1989 até 2002, só o Hospital Jabaquara fazia esse procedimento na cidade de São Paulo e a tendência dos juízes era menos favorável ao aborto por anencefalia. Segundo o médico Thomaz Gollop, desde 1989, quando o primeiro caso teria sido autorizado pela Justiça, cerca de 3.000 abortos por anencefalia foram feitos em todo o país.
Na cidade de São Paulo, de 1996 a 2003, foram feitos 93 abortos por estupro e 26 por risco de vida para a mãe. Nesses dois casos, o aborto já é previsto em lei.

Mais hospitais
De 2002 até hoje, quatro outros hospitais passaram a ter equipes treinadas para realizar os abortos legais na cidade de São Paulo. Três outros estão passando por treinamento.
No Brasil todo existem apenas 44 hospitais com equipes "sensibilizadas" para a prática do aborto legal. O Ministério da Saúde informa que está implantando um programa que prevê a criação de um centro de referência para a mulher em todos os municípios com mais de 50 mil habitantes.
Jorge Andalaft, que dirige uma comissão contra a violência sexual e pelo aborto legal da Febrasgo (federação que reúne associações de ginecologia e obstetrícia do país), é responsável por um programa de treinamento e sensibilização de profissionais da saúde. "Muitos ainda resistem, por questões morais", diz.
Segundo Jael de Albuquerque, coordenadora da área temática de saúde da mulher da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, a secretaria disponibiliza nos postos de saúde e hospitais todos os meios contraceptivos, incluindo a pílula do dia seguinte.
A intenção é reduzir os abortos clandestinos, uma das principais causas de mortalidade materna. Em São Paulo, a mortalidade materna caiu de 50 para 40 entre 100 mil nascidos vivos, mais ainda é o dobro da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). (AB)


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