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FOCO
Exposição mostra 20 anos de pichação em São Paulo
LETICIA DE CASTRO
EM SÃO PAULO
Vandalismo para uns, arte
para outros. As enormes letras estilizadas, ora redondas
ora retas e pontudas, que decoram -ou sujam- fachadas de prédios de São Paulo
ganharam retrospectiva na
Matilha Cultural, no centro.
"Caligrafia Mau Dita" faz
um registro dos últimos 20
anos de pichação em São
Paulo, por meio de folhinhas
-papéis assinados que são
trocados entre os pichadores-, convites de festas, fotos de João Wainer -autor do
documentário "Pixo"- e Victor Moriyama, HQ do artista
plástico Paulo Ito e documentário do grafiteiro Jey.
"A ideia é documentar a
caligrafia de São Paulo, que
não existe em nenhum outro
lugar do mundo", diz o pichador e organizador da
mostra, Manulo, da grife
(reunião de grupos de pichadores) "Os Muito Loucos".
A exposição é dividida em
cinco partes, que trazem os
traços de grifes de cada região da cidade. Mais do que o
bairro, é a época que confere
características mais marcantes ao "pixos". Os antigos,
dos anos 80, têm linhas retas
e simples. Os mais recentes
têm traços sofisticados, arredondados e até cores.
Para reunir o material, Manulo passou o último ano garimpando folhinhas e convites entre os amigos de "rolê".
Nem todos quiseram participar da exposição. Além da
polêmica no circuito das artes, como a participação de
grafiteiros na 29ª Bienal, o recente namoro do "pixo" com
galerias -na esteira do grafite- também desagrada integrantes do movimento. "A
maioria só quer mostrar o trabalho na rua", diz Manulo.
Para evitar polêmicas, a
mostra não vai entrar nessa
discussão. "Não é uma exposição de arte. É o registro de
uma manifestação cultural
importante da cidade",afirma Demétrio Portugal, diretor da Matilha Cultural.
Caligrafia Mau Dita. Matilha Cultural,
r. Rego Freitas, 542. De terça a sábado, das
12h às 20h. Grátis. Até o dia 31.
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