São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2010

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FOCO

Exposição mostra 20 anos de pichação em São Paulo

LETICIA DE CASTRO
EM SÃO PAULO

Vandalismo para uns, arte para outros. As enormes letras estilizadas, ora redondas ora retas e pontudas, que decoram -ou sujam- fachadas de prédios de São Paulo ganharam retrospectiva na Matilha Cultural, no centro.
"Caligrafia Mau Dita" faz um registro dos últimos 20 anos de pichação em São Paulo, por meio de folhinhas -papéis assinados que são trocados entre os pichadores-, convites de festas, fotos de João Wainer -autor do documentário "Pixo"- e Victor Moriyama, HQ do artista plástico Paulo Ito e documentário do grafiteiro Jey.
"A ideia é documentar a caligrafia de São Paulo, que não existe em nenhum outro lugar do mundo", diz o pichador e organizador da mostra, Manulo, da grife (reunião de grupos de pichadores) "Os Muito Loucos".
A exposição é dividida em cinco partes, que trazem os traços de grifes de cada região da cidade. Mais do que o bairro, é a época que confere características mais marcantes ao "pixos". Os antigos, dos anos 80, têm linhas retas e simples. Os mais recentes têm traços sofisticados, arredondados e até cores.
Para reunir o material, Manulo passou o último ano garimpando folhinhas e convites entre os amigos de "rolê".
Nem todos quiseram participar da exposição. Além da polêmica no circuito das artes, como a participação de grafiteiros na 29ª Bienal, o recente namoro do "pixo" com galerias -na esteira do grafite- também desagrada integrantes do movimento. "A maioria só quer mostrar o trabalho na rua", diz Manulo.
Para evitar polêmicas, a mostra não vai entrar nessa discussão. "Não é uma exposição de arte. É o registro de uma manifestação cultural importante da cidade",afirma Demétrio Portugal, diretor da Matilha Cultural.


Caligrafia Mau Dita. Matilha Cultural, r. Rego Freitas, 542. De terça a sábado, das 12h às 20h. Grátis. Até o dia 31.


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