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1/3 dos hot dogs de rua é reprovado
Alimentos vendidos em 10 de 30 vans abordadas por fiscais sanitários têm bactérias que causam a diarreia
Prefeitura de SP diz que pretende convocar os vendedores para cursos de boas práticas no preparo de alimentos
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
Providencial na hora da fome e da pressa, aquele cachorro-quente da esquina
pode fazer mal à saúde. E não
é só pela pobreza nutricional.
Uma fiscalização em vans
e trailers que vendem cachorros-quentes na cidade de São
Paulo mostra que, dos 30
pontos visitados, em dez as
salsichas continham bactérias que provocam diarreia.
Foram encontrados coliformes fecais e outros três tipos de micro-organismos em
nível suficiente para levar a
infecções alimentares.
Essas bactérias indicam
que os alimentos foram preparados sem higiene.
Os cachorros-quentes foram recolhidos entre janeiro
e março, em diferentes bairros, por fiscais sanitários da
prefeitura e pesquisadores
da entidade de defesa do
consumidor ProTeste.
O resultado da fiscalização
chama a atenção porque o
cachorro-quente é a única
comida com venda liberada
nas ruas de São Paulo. O acarajé e o yakisoba, por exemplo, estão proibidos.
Em contrapartida, os vendedores de cachorro-quente
autorizados precisam seguir
normas de higiene. A prefeitura diz que realiza fiscalizações "diariamente".
Há 434 vendedores cadastrados em São Paulo -sem
contar os clandestinos.
SALSICHA FERVIDA
A diarreia costuma durar
não mais que um dia. Entretanto, há casos em que o
doente precisa ser internado.
"O ideal seria que as pessoas não consumissem cachorro-quente de rua. Na
prática, sabemos que é impossível, porque são baratos
e estão em toda esquina",
afirma a nutricionista Manuela Dias, da ProTeste.
Segundo ela, sendo inevitável o consumo, as pessoas
devem observar antes a higiene do local e do vendedor.
O infectologista Carlos
Magno Fortaleza, ex-diretor
do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, concorda: "Não adianta olhar só
o cachorro-quente. Em muitos surtos de diarreia, o alimento não tinha cheiro, aspecto ou sabor estranho".
Nem mesmo o fato de a salsicha ser fervida garante um
alimento livre de micro-organismos. O estafilococo, por
exemplo, é morto quando se
ferve a água. Assim que morre, porém, libera uma toxina
que provoca diarreia.
Essa bactéria é encontrada
na pele humana. Portanto, o
cuidado necessário é a lavagem constante das mãos.
A prefeitura diz que convocará os vendedores para cursos de preparo de alimentos.
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