São Paulo, terça, 14 de julho de 1998

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Vigilância fecha laboratório no Rio

VANESSA HAIGH
da Sucursal de Brasília

A Vigilância Sanitária cancelou ontem a autorização da empresa Endoterápica Brasil Indústria Farmacêutica Ltda. "A empresa deixa de existir", disse a secretária nacional da Vigilância Sanitária, Marta Nóbrega. Todos os produtos feitos pelo laboratório serão recolhidos.
A distribuidora Ação, responsável pela venda de Androcur falso para secretarias de Saúde de vários Estados foi interditada ontem e está sendo vistoriada.
A distribuidora Dinâmica, coligada à Ação, também foi interditada ontem.
O laboratório Endoterápica tinha registro para fabricar dez medicamentos: Valoctin, Tetraciclina, Endovermil, Ampicilina, Primaquina, Quinino, Ferro-hepan, Germesem, Penicilina Antibiótico e Policalcina Vitaminada. Mas ele também comercializa produtos sem registro, como a Dipirona.
"Para a segurança do consumidor, nenhum produto desse laboratório deve ser consumido", disse Marta.
A Endoterápica tem laboratórios no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Apenas o do Rio de Janeiro tinha registro na Vigilância Sanitária e já havia sido interditado duas vezes.
Em uma batida feita na última sexta-feira na filial de Belo Horizonte, foram descobertas diversas irregularidades.
O laboratório funcionava em uma casa e não apresentava condições de higiene.

Ação

Irregularidades com a Ação foram denunciadas pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, que afirmou ter comprado da Ação uma parte dos lotes 222 e 223 de saquinavir, medicamento para Aids, com o selo da Ceme (Central de Medicamentos) raspado.
A Vigilância verificou que a Roche, fabricante do saquinavir, havia vendido diretamente para o governo os lotes 222 e 223 do remédio, e para a Ação os lotes B013 e B030.
"Está sendo investigado como foi que um lote comprado pelo governo foi parar em uma distribuidora", disse Marta.
A secretária nacional da Vigilância Sanitária não descartou a possibilidade de haver participação de funcionários do governo no roubo.
Para evitar que organismos do SUS comprem remédios falsos, a Vigilância Sanitária determinou que todos os medicamentos precisam ser comprados diretamente do fabricante.
Se forem comprados de distribuidoras, elas precisam solicitar laudos com análises de cada lote.



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