São Paulo, terça, 14 de julho de 1998

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ESPAÇO
Aeronáutica se prepara para tentar comercializar lançamentos de satélites em Alcântara
Brasil tem projeto para lançamento comercial de foguetes ucranianos

RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Natal

Até o final do ano deve ser assinado um contrato para o uso do Centro de Lançamento de Alcântara (MA) por foguetes ucranianos Cyclone-4 modificados pela empresa italiana Fiat Avio.
As obras da plataforma e das instalações de apoio começariam em 1999, e já em 2001 voaria da base um desses foguetes, capazes de pôr um satélite de 1,7 tonelada em órbita "geoestacionária".
Essa órbita, a 35.786 km de altitude, é aquela usada pelos principais satélites de comunicação, que ficam sobre o Equador, apontando sempre para o mesmo ponto da superfície terrestre.
Como comparação, o foguete brasileiro VLS (Veículo Lançador de Satélites), de tamanho pequeno, é capaz de pôr uma carga de 200 kg a 750 km de altitude.
O primeiro VLS falhou no lançamento de um satélite brasileiro em novembro passado. Seu próximo lançamento, também a partir do CLA, está previsto para 1999.
O consórcio ítalo-ucraniano é o que mais tem condições de assinar o contrato com a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária), que administra a comercialização dos lançamentos da base espacial.
Segundo o brigadeiro-do-ar Tiago da Silva Ribeiro, do Departamento de Pesquisas e Desenvolvimento (Deped) do Ministério da Aeronáutica, entre as 16 propostas enviadas à Infraero, a do consórcio parece ser a mais atraente dos pontos de vista técnico, comercial, e de capacitação do CLA.
Ribeiro chefia o subdepartamento de capacitação do Deped.
O projeto do consórcio ítalo-ucraniano prevê um preço muito competitivo de lançamento, de US$ 8 mil a US$ 10 mil por kg em órbita de 200 km a 2.000 km de altitude e de US$ 15 mil a US$ 20 mil em órbita geoestacionária.
Seriam lançados de seis a 12 foguetes Cyclone-4 por ano, cada um deles ao custo de US$ 38 milhões. O consórcio pode ser escolhido para lançar 61 satélites da segunda geração do programa global de telefonia Iridium.
A escolha do consórcio para o lançamento desses satélites seria uma concorrência séria a outro consórcio, o europeu Arianespace, que comercializa os foguetes da série Ariane a partir de Kourou, na Guiana Francesa.
Os EUA detêm 40% do mercado dos principais lançadores, contra 31% dos europeus, 20% da Rússia e 9% da China.



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