São Paulo, terça, 14 de julho de 1998

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Governo falta a debate sobre biotecnologia

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Natal

A ausência de representantes do Ministério do Meio Ambiente na 50ª Reunião Anual da SBPC provocou ontem surpresa e esvaziamento do auditório onde seriam debatidos os investimentos em biotecnologia na Amazônia.
O evento foi realizado apenas com a presença do professor de Farmacologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) João Batista Calixto, que disse ter ficado frustrado com o não-comparecimento dos representantes do governo.
Cerca de cem pessoas acompanharam a abertura do simpósio, que se resumiu a uma palestra proferida por Calixto. Uma hora depois, quando deveria ocorrer o debate, a platéia já estava reduzida a aproximadamente 30 pessoas.
"Isso (a ausência dos representantes do ministério) mostra a falta de interesse do governo no assunto", disse Calixto.
"Gostaria de perguntar a eles por que o Brasil não incentiva a produção de medicamentos fitoterápicos (feitos à base de plantas)", afirmou Calixto.
Segundo ele, o país é um dos cinco maiores mercados do mundo no setor e possui cerca de 60 mil espécies de plantas -o equivalente a 20% da flora mundial-, grande parte delas na Amazônia.
As grandes indústrias, afirmou, prevêem ainda um crescimento médio anual de 15% nas vendas mundiais de fitoterápicos.
Apesar disso, declarou, nenhum laboratório nacional conseguiu até agora desenvolver, fabricar e colocar no mercado um único medicamento derivado de plantas.
Os EUA, maiores interessados na produção de novas drogas fitoterápicas, fabricam 45% dos medicamentos sintéticos vendidos no mundo, disse Calixto. "Os EUA não assinam acordos sobre a biodiversidade, porque têm o conhecimento científico hoje e detêm o poder sobre quem produz a matéria-prima", disse .
Segundo os monitores da SBPC no simpósio, a ausência de José Seixas Lourenço e de Wanderley Messias da Costa não foi comunicada com antecedência, apesar de o convite para a participação no evento ter sido feito "há meses".



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