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Governo falta a debate
sobre biotecnologia
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Natal
A ausência de representantes do
Ministério do Meio Ambiente na
50ª Reunião Anual da SBPC provocou ontem surpresa e esvaziamento do auditório onde seriam
debatidos os investimentos em
biotecnologia na Amazônia.
O evento foi realizado apenas
com a presença do professor de
Farmacologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
João Batista Calixto, que disse ter
ficado frustrado com o não-comparecimento dos representantes
do governo.
Cerca de cem pessoas acompanharam a abertura do simpósio,
que se resumiu a uma palestra
proferida por Calixto. Uma hora
depois, quando deveria ocorrer o
debate, a platéia já estava reduzida
a aproximadamente 30 pessoas.
"Isso (a ausência dos representantes do ministério) mostra a falta de interesse do governo no assunto", disse Calixto.
"Gostaria de perguntar a eles
por que o Brasil não incentiva a
produção de medicamentos fitoterápicos (feitos à base de plantas)", afirmou Calixto.
Segundo ele, o país é um dos cinco maiores mercados do mundo
no setor e possui cerca de 60 mil
espécies de plantas -o equivalente a 20% da flora mundial-, grande parte delas na Amazônia.
As grandes indústrias, afirmou,
prevêem ainda um crescimento
médio anual de 15% nas vendas
mundiais de fitoterápicos.
Apesar disso, declarou, nenhum
laboratório nacional conseguiu
até agora desenvolver, fabricar e
colocar no mercado um único medicamento derivado de plantas.
Os EUA, maiores interessados
na produção de novas drogas fitoterápicas, fabricam 45% dos medicamentos sintéticos vendidos no
mundo, disse Calixto. "Os EUA
não assinam acordos sobre a biodiversidade, porque têm o conhecimento científico hoje e detêm o
poder sobre quem produz a matéria-prima", disse .
Segundo os monitores da SBPC
no simpósio, a ausência de José
Seixas Lourenço e de Wanderley
Messias da Costa não foi comunicada com antecedência, apesar de
o convite para a participação no
evento ter sido feito "há meses".
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