São Paulo, terça, 14 de julho de 1998

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Seca do NE é proposta como atração turística

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Natal

O geólogo Eduardo Bagnoli defendeu ontem em Natal (RN) a utilização da seca no Nordeste como atração turística, durante simpósio na 50ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).
"O turista do Sul quer conhecer a caatinga seca, e essa paisagem deve ser aproveitada economicamente", disse Bagnoli no simpósio "Turismo, Desenvolvimento Sustentável e Impacto Social".
Apesar de o simpósio fazer parte de uma reunião científica, temas como o impacto social e a degradação ambiental ligados ao turismo foram pouco explorados no evento, que foi aproveitado pelo marketing da Prefeitura de Natal.
"A alternância das estações de chuva e estiagem é um charme, um diferencial a ser explorado", afirmou Bagnoli, que é diretor do Instituto de Turismo Ecológico de Natal.
Para o geólogo, o fato de o interior do Nordeste não ter se desenvolvido pode ser considerado "uma dádiva, porque, assim, foi mantido preservado".
A região, que detém os piores índices sócio-econômicos no país, disse Bagnoli, tem condições de aproveitar o "potencial do semi-árido, como fazem na Patagônia, na África, nos Estados Unidos e na Austrália".
"São áreas propícias para a prática de esportes radicais e até mesmo para a exploração do turismo místico e ufológico", disse.
O geólogo, que também é hoteleiro e consultor de turismo de vários Estados do Nordeste, já tem um projeto que prevê a criação de pólos turísticos na região.
Alguns desses núcleos estariam localizados nas áreas mais pobres e afetadas pela estiagem e distantes, no máximo, 300 km entre um e outro.
Os sertanejos, disse, passariam a atuar como guias "e poderiam explorar atividades comerciais". Segundo ele, o prazo para estruturação dos pólos turísticos seria de, no máximo, dez anos.
A prostituição supostamente incentivada pelo turismo foi classificada como um "problema social que ocorre não apenas em Natal, mas em várias outras cidades".



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