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ADMINISTRAÇÃO
Proposta modificada por petista, que agradou aos empresários, recebeu apoio de 47 vereadores na 1ª votação
Governo cede, e Plano Diretor é aprovado
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o voto favorável de 47 dos
55 vereadores, a Câmara Municipal aprovou ontem, em primeira
votação, o novo Plano Diretor para a cidade de São Paulo. A votação final da proposta, uma espécie de conjunto de normas que
vão orientar o crescimento e a
ocupação da cidade até 2012, está
prevista para amanhã.
O projeto, considerado o mais
polêmico da gestão Marta Suplicy
(PT), obteve 14 votos a mais do
que o necessário para garantir a
sua aprovação.
A proposta aprovada, elaborada
por Nabil Bonduki (PT), é bastante diferente do texto original, enviado pela prefeitura à Câmara
em maio deste ano. As mudanças
agradaram ao setor de construção
civil, que via um caráter "arrecadatório" no texto original, e ajudaram a diminuir a resistência
dos vereadores.
A principal alteração em relação
à proposta original é o aumento
do coeficiente construtivo, índice
que vai regular o direito de construir na cidade de São Paulo.
Pela proposta da prefeitura, seria instituído um coeficiente único para toda a cidade. Com isso,
os imóveis deveriam ter até uma
vez a área do terreno e, para construir mais, seria preciso pagar
uma taxa, a outorga onerosa.
Com as mudanças, a restrição
ao direito de construir, além de
ser menor, passa a ser gradual. Os
índices podem variar de uma a
três vezes a área do terreno, em
2003, dependendo do zoneamento e, no ano seguinte, de uma a
duas vezes a área do terreno.
Além disso, a nova proposta
prevê isenção da taxa em alguns
pontos da cidade, para entidades
institucionais (como templos religiosos) e para construções de moradias populares.
O plano prevê ainda que sejam
instituídos coeficientes máximos
para as mesmas regiões, para
criar limites de verticalização.
Com isso, a outorga passa a ser
cobrada sobre a diferença entre o
limite máximo e o índice básico.
Hoje, é possível construir prédios inteiros, dependendo do zoneamento da região onde está o
terreno, sem ter que pagar nada.
As mudanças devem fazer com
que a arrecadação da prefeitura
com a outorga, prevista para R$
300 milhões por ano, seja reduzida pela metade.
Outra mudança é a fixação de
fatores que serão utilizados no
cálculo da outorga. Pelo texto original, o valor da taxa seria definido a cada ano pela prefeitura.
Com os fatores, o valor fica condicionado ao grau de verticalização
e de desenvolvimento da região
onde se encontra o terreno.
Após as mudanças, a prefeita
Marta Suplicy passou a ter menos
poder de decisão sobre as estratégias de reorganização urbana da
cidade. A concentração de poder
nas mãos do Executivo foi um dos
pontos mais criticados por especialistas na proposta original.
Para Bonduki, a aprovação é resultado do trabalho de discussão
com vereadores e com a sociedade. Desde que o projeto chegou à
Câmara, foram feitos 25 encontros, entre audiências públicas e
debates, para discutir a proposta.
A votação ocorreu uma semana
após alguns membros da base
aliada ameaçarem não votar o
projeto caso o acordo de troca de
cargos por votos, feito para garantir a aprovação das subprefeituras
-ocorrida em julho-, não fosse
cumprido pelo governo.
"É a primeira vez que a cidade
tem um Plano Diretor aprovado
de maneira democrática", disse
Bonduki. O plano em vigor foi
aprovado por decurso de prazo,
em 88 (gestão de Jânio Quadros).
A proposta de Bonduki também prevê que seja feita uma revisão do plano em 2006.
Dos 55 vereadores, 48 estavam
em plenário ontem no momento
da aprovação do plano. Apenas
Salim Curiati (PPB) votou contra.
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