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ADMINISTRAÇÃO
Projeto do Plano Diretor divide a cidade em quatro zonas para definir custo para construção acima do permitido
Nova taxa não inibe procura por área nobre
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com a criação de taxas
mais altas para construir prédios
em áreas adensadas e muito verticalizadas, o novo projeto do Plano
Diretor, elaborado por Nabil Bonduki (PT), não inibe a concentração dos empreendimentos imobiliários nessas regiões.
Pela nova proposta, o valor da
outorga onerosa -taxa cobrada
para construir acima do permitido- será determinado por um
fator que, dependendo do grau de
verticalização e do desenvolvimento da área, será alto ou baixo.
Apesar do custo da construção
ser menor nas regiões periféricas,
especialistas ouvidos pela Folha
consideram que ainda haverá
vantagens em construir nas áreas
nobres da cidade.
A diferenciação dos valores, que
obedece a uma divisão da cidade
em quatro grandes blocos que
agrupam distritos com características semelhantes, tem o objetivo,
segundo Bonduki, de incentivar a
atuação do mercado e de levar investimentos para as regiões mais
carentes da capital paulista.
A Folha calculou o impacto da
outorga onerosa para a construção do mesmo tipo de imóvel em
cada uma das quatro regiões criadas pelo plano (veja quadro).
No exemplo, um apartamento
de 150 m2 de área útil em um prédio construído em Z3, no distrito
de Moema (zona sul), pode custar
R$ 14.538 a mais se o valor da outorga onerosa, paga pela empresa
à prefeitura para poder construir
900 m2 além do permitido na região, for totalmente repassado ao
comprador do imóvel.
Esses R$ 14.538 representam
apenas 4,4% do custo atual do
mesmo tipo de apartamento naquela região, segundo estimativas
de preços feitas com base nos valores de mercado.
A inclusão da taxa no preço final
do mesmo tipo de apartamento
em São Mateus (zona leste), também em Z3, resultaria em um aumento de R$ 2.025, 1,62% a mais do que o preço atual do imóvel.
Fundo para periferia
De acordo com Bonduki, os recursos arrecadados com a cobrança da outorga serão revertidos para o fundo de desenvolvimento urbano, que será usado
principalmente para investimentos na área formada por distritos
periféricos. O objetivo disso é
criar infra-estrutura básica e estimular a geração de empregos.
Para urbanistas ouvidos pela
Folha, o princípio da divisão da
cidade em blocos é positivo, mas
não oferece garantias de que os
investimentos irão migrar para as
regiões periféricas.
Segundo Bonduki, o resultado
dos cálculos atinge o esperado. "A
idéia fundamental é que a outorga
não proíba o adensamento, mas
consiga, sem prejudicar de maneira significativa a classe média
alta, levar recursos para o fundo e,
dessa maneira, promover o processo de urbanização necessário."
Com o Plano Diretor, o direito
de construir será regulado pela
criação do coeficiente construtivo
básico, que, dependendo da zona,
pode variar de uma a três vezes o
tamanho do terreno em 2003.
O vereador acredita que, com a
redução do potencial construtivo,
o valor dos terrenos caia com o
tempo, o que deve causar uma
queda no valor dos imóveis.
A fixação dos fatores para o cálculo do preço da outorga é uma
das principais mudanças presentes no novo projeto do Plano Diretor, aprovado ontem em primeira votação pela Câmara Municipal. Pela proposta original,
elaborada pela prefeitura, as taxas
seriam determinadas a cada ano
pelo Executivo.
O plano também institui coeficientes máximos para limitar a
verticalização. Hoje, dependendo
do zoneamento, as empresas podem construir prédios inteiros
sem pagar nada por isso.
De acordo com Bonduki, caso
as áreas mais procuradas pelos
empreendedores não comportem
tantas construções, a lei de zoneamento, que deve ser elaborada oito meses após a aprovação do plano, poderá definir coeficientes
máximos mais baixos do que os previstos no projeto.
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