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COMPORTAMENTO
Após um ano de disputa judicial, portaria que delimita horário de funcionamento é usada pelo governo em fiscalização
DF volta a aplicar "lei seca" contra bares
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após uma batalha judicial de
um ano, bares e restaurantes de
Brasília que vendem bebida alcoólica terão de fechar mais cedo
em meio a uma polêmica que coloca autoridades e comerciantes
em lados opostos do balcão. É o
resultado de uma portaria do governo do Distrito Federal que limita o horário de funcionamento,
apelidada de "lei seca".
"Não se pode caracterizar isso
como proibição. É um disciplinamento da comercialização de bebidas", disse Márcia Fernandez,
secretária de Coordenação das
Administrações Regionais.
O governo retomou ontem a
aplicação da portaria de março de
2002, suspensa por liminar três
meses após sua publicação. A decisão provisória, porém, foi cassada em junho. As punições vão de
multa a suspensão do alvará. Supermercados estão fora do veto.
A portaria diz que "os estabelecimentos que comercializam bebidas alcóolicas situados em área
residencial encerrarão suas atividades às 22h". Nas áreas comerciais, que concentram a maioria
dos bares do Plano Piloto de Brasília, o limite é 3h. Nas áreas mistas, onde há residências e prédios
comerciais, o limite é meia-noite
-muda para as 2h às sextas e sábados e em feriados e vésperas.
Interessado em diminuir a criminalidade, o governo do Distrito
Federal começou ontem a fiscalizar as 23 cidades do entorno.
Enquanto o governo comemora
-como diz o secretário de Segurança Pública, Athos Costa de Faria, "a liminar foi legitimada pela
Justiça"-, César Gonçalves, presidente do Sindhobar (Sindicato
dos Hotéis, Bares e Restaurantes),
autor do pedido de liminar, promete recorrer da decisão.
Segundo Gonçalves, as vendas
caíram 35% nos três meses de vigência da portaria em 2002, e ela
causaria desemprego. Fernandez
diz que a retração foi por perda de
poder aquisitivo.
Faria disse que houve, só na cidade-satélite de Ceilândia, "uma
redução drástica" em "todas as
ocorrências de violência" durante
o mesmo período. Os dados, que
não foram divulgados, teriam sido analisados "exaustivamente"
pela Polícia Civil de Brasília.
Segundo o sindicato, o setor é o
maior empregador da capital,
com 100 mil postos de trabalho.
Em segundo lugar viria a construção civil, com 60 mil postos.
Governo e comerciantes ainda
não sentaram para conversar, diz
a secretária Fernandez. Isso deve
ocorrer, afirma Vatanábio Brandão, secretário de Fiscalização, de
forma descentralizada.
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