São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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SEGURANÇA

Segundo promotor, militares facilitaram a entrada de traficantes, em maio, em depósito da Aeronáutica no Rio

Investigação liga soldados a roubo de fuzis

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Investigações do Ministério Público Militar concluíram que houve participação de dois soldados da Aeronáutica no roubo de 22 fuzis HK-33 ocorrido na madrugada de 3 de maio no Depósito de Aeronáutica, na avenida Brasil (Bonsucesso, zona norte do Rio).
As armas foram roubadas por traficantes de drogas do morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte), segundo a Polícia Federal. Duas delas já foram recuperadas.
Segundo o promotor Aílton José da Silva, os militares, cujos nomes são mantidos em sigilo, receberam dinheiro dos traficantes para facilitar a ação. A quantia não foi revelada.
De acordo com o promotor, os soldados estão soltos, trabalhando em outras unidades e deverão ser indiciados e presos ao final do inquérito, ainda em andamento. Na época da invasão, eles disseram ter sido rendidos.
Os acusados ainda estariam sendo monitorados pelos encarregados da investigação que tentam obter informações que levem à localização do resto das armas ou do envolvimento de outros militares, informou o promotor.
Silva afirmou que um dos soldados trabalhava no portão principal do quartel e que o outro era responsável pela segurança da sala onde estavam as armas.
Parte dos fuzis roubados estava sendo usada por uma quadrilha que praticava assaltos a carros-forte no Nordeste. Na semana passada, policiais federais prenderam dez suspeitos em Recife, seis deles do Rio.
Dois admitiram ser traficantes do morro do Dendê, segundo o delegado Lorenzo Pompilho da Hora, da Delepren (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) da Superintendência da PF, no Rio. Com o grupo, foram recuperados dois fuzis da Aeronáutica. A corporação confirmou que eram do Depósito de Aeronáutica. Sobre o envolvimento dos militares, informou que só se manifestará após a conclusão da investigação.
Além dos fuzis, os invasores levaram, na época, uma pistola, quatro carregadores, munição e uma Kombi, já recuperada.
A Drae (Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos da Polícia Civil do Rio) tem informações de que, para invadir o quartel, os traficantes do Dendê contaram com a ajuda de dois ex-militares que serviram no depósito e que estão sendo procurados. Um deles morava no Dendê e o outro no morro do Timbau, no complexo da Maré (zona norte) -ambos controladas pela facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro).
A Drae acredita que haja mais 20 fuzis espalhados por favelas dominadas pelo TCP.


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