São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2008

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FELISBERTO DUARTE (1937-2008)

O triste fim do feliz homem do tempo

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

O último a sair apagou as luzes da Redação e encostou a porta. O abatimento de Felisberto Duarte pela tristeza começou no dia seguinte, quando ele chegou desavisado ao programa e viu, desolado, o cenário de fim de festa.
Felisberto, o Feliz, caiu em depressão. Dispensado do trabalho na TV, só fazia chorar e dormir, lembra a mulher -que ele conheceu em 1968, no boliche, e que seria sua companheira nos últimos 40 anos. Recusava-se até mesmo a comer.
Homem do tempo nas duas versões do jornalístico "Aqui Agora", exibido pelo SBT, Feliz dizia sentir que as portas haviam se fechado para ele desde o fim do primeiro programa, em 1997.
Natural de São Paulo, começou no teatro amador. Foi cenógrafo do Teatro Municipal, produziu programas na finada TV Tupi, trabalhou em humorísticos da TVS do Rio e atuou em dois filmes.
Acabou prevendo chuvas e trovoadas apertado num terno, a gravata-borboleta presa ao pescoço. Tinha a fala rápida, engolia as vírgulas, intercalava gracejos entre as máximas e as mínimas das capitais e sempre saía de cena de forma inesperada. "E piriri, pororó." Era seu bordão.
Nos últimos 12 anos, não teve emprego fixo. Vivia da parca aposentadoria em Praia Grande (SP), "onde o custo de vida era mais barato". Internado, foi diagnosticado um câncer no intestino. Feliz morreu triste, no domingo, aos 70 anos. Deixa dois filhos e cinco netos.

obituario@folhasp.com.br


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