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EDUCAÇÃO
Norte e Nordeste usam parcela maior do PIB no ensino básico, mas não conseguem reverter desníveis
Investimentos não corrigem distorção
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
O Norte e Nordeste investem
proporcionalmente mais recursos em educação básica do que o
Sul e o Sudeste, se o PIB (Produto
Interno Bruto) for tomado como
base de referência. Apesar disso,
os desníveis entre as regiões mais
ricas e mais pobres mantiveram-se desde o início da década de 80.
O PIB do Nordeste, por exemplo, é 4,3 vezes maior que o do Sudeste -respectivamente, cerca
de R$ 85 milhões e R$ 370 milhões. No entanto, o gasto médio
por aluno do ensino fundamental
no Sudeste é 2,1 vezes maior do
que no Nordeste (R$ 608 contra
R$ 278). No ensino médio, a discrepância é ainda menor: 1,5 vez
(veja quadro ao lado).
Na avaliação do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), responsável pelo
estudo "As Desigualdades no Sistema Educacional Brasileiro"
-que contém os dados mencionados acima-, esses cálculos demonstram que houve um esforço
de investimento em educação
muito maior nas regiões mais pobres do país do que nas ricas.
Apesar disso, ele não se traduziu
na redução das distorções.
São fatores de duas ordens que
explicam a discrepância entre os
investimentos e as diferenças regionais: históricos e estruturais.
"Existe um débito social histórico
no Nordeste, o que torna as coisas
mais difíceis", diz Neroaldo Azevedo, presidente da Undime
(União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação).
Ele diz que o mesmo valor, R$
100 por exemplo, aplicado em
uma escola do Nordeste produz
menos efeitos do que em uma escola do Sudeste. "Uma escola de
São Paulo tende a ser mais bem
estruturada e, por isso, o dinheiro
tende a se multiplicar", diz.
Outro problema é a gestão dos
recursos. No Nordeste, tende a
prevalecer uma estrutura centralizada e burocratizada de distribuição, o que dá margem a desperdício e desvios. "Existem casos
de desconhecimento, mas também há má-fé, desvio de dinheiro", diz Éfrem Maranhão, presidente do Consed (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais
de Educação).
A solução para esse problema
reside, diz ele, na criação de mecanismos mais transparentes de verificação do uso dos recursos e
num controle mais eficaz, exercido pela sociedade civil.
Em diversos Estados estão sendo realizadas investigações para
verificar a aplicação dos recursos
do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do
Magistério) -um fundo criado
para distribuir recursos entre Estados e municípios que devem,
por lei, ser aplicados exclusivamente, no ensino fundamental.
No Ceará, foi aberta uma CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) para verificar a aplicação
dos recursos do fundo. "Estamos
investigando, mas esse problema
existe em outros locais do país.
Também acredito que mecanismos já implantados, como a eleição direta para diretor de escola,
facilitam o controle do uso do dinheiro pela população", diz Antenor Naspolini, secretário da Educação do Ceará.
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