São Paulo, domingo, 14 de setembro de 1997.



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PROSTITUIÇÃO INFANTIL 3
Turistas reclamam de garotas que trabalham em barco e se oferecem a pescadores fazendo topless
Prostituição acontece em boate-flutuante

da Agência Folha, em Corumbá (MS)

A investida mais ousada do porno-turismo em Mato Grosso do Sul fica a 160 km de Corumbá, quatro horas e meia de barco pelo rio Paraguai.
A casa flutuante "Pantera do Pantanal", um sobrado com dez prostitutas, bebida, jogo de luzes, sala, cozinha e três quartos, começou a funcionar em abril em pleno Pantanal, na Ilha do Coqueiro e boca da Baía Formosa, habitat de jacarés, tuiuiús, capivaras e dezenas de espécies de aves.
O cartão de visitas da boate traz impresso o desenho de uma mulher entre duas onças e os seguintes dizeres: "Sua pescaria pode ser melhor do que você imagina. Venha conhecer como desfrutar o melhor do Pantanal".
Algumas agências de turismo de Corumbá passaram a reclamar do flutuante após um incidente que ocorreu há cerca de 15 dias na região.
O barco da empresa de turismo Indiaporã, onde estava um grupo de médicos de Americana (133 km a noroeste de São Paulo) acompanhados de suas mulheres, foi abordado por quatro prostitutas da boate.
Elas estavam em um barco pequeno usado para atrair pescadores e turistas.
Um dos médicos respondeu ao apelo das garotas e entrou no flutuante.
Sua mulher, enciumada, exigia, aos gritos, que o barco retornasse a Corumbá e encerrasse o passeio turístico. Ela chegou a encostar um isqueiro na mangueira de gasolina do barco.

Adolescentes
O presidente da Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo, Orozimbo Garcia Decenzo, 54, registrou queixas nas Polícias Civil e Federal contra a direção do flutuante, acusando-a de explorar menores de idade. A entidade tem 60 associados.
Decenzo disse que as meninas costumam ficar "nuas e de topless".
"Esse tipo de coisa repercute mal. Se cai na boca das mulheres dos pescadores, elas vão achar que aqui é tudo assim", afirmou Decenzo.
Ele disse que os donos do flutuante "combinam" com alguns "piloteiros" de barcos para incluir a casa no roteiro de passeios e pescarias.
Sem provas
A acusação de prostituição infantil não foi comprovada pela polícia.
A dona do flutuante, que se identifica apenas como "Zipporah", negou que as mulheres assediem os turistas no rio e que elas façam topless.
"Não incomodamos ninguém", defende-se. Ela não quis conceder entrevista e as garotas não quiseram ser fotografadas. (RV)



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