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EDUCAÇÃO
Meta de alfabetizar 1 milhão até o final do ano dificilmente será cumprida; parte dos repasses federais está atrasada
Entidades conveniadas não iniciaram aulas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
Apesar de o governo afirmar
que vai alfabetizar, até o fim do
ano, 1 milhão de pessoas, em convênio com ONGs, universidades e
governos, a maioria das entidades
que já participam do Brasil Alfabetizado e foram ouvidas pela Folha nem sequer começou a dar
aulas. Isso significa que a meta dificilmente será cumprida.
Em São Paulo, as primeiras turmas deverão terminar o curso em
janeiro de 2004. Duas das quatro
entidades conveniadas já iniciaram os trabalhos. A previsão é que
pelo menos 25 mil pessoas sejam
alfabetizadas no Estado.
Por ter fechado o convênio com
o MEC em maio, o MST já tem 78
turmas em andamento em São
Paulo. Há 1.200 membros do movimento em processo de alfabetização, que não termina antes de
fevereiro. "A realidade é diferente
do projeto do governo", diz Edna
Araújo, coordenadora do setor de
educação do MST no Estado.
Fora do programa Brasil Alfabetizado, os cursos de alfabetização do MST costumam durar dez
meses, mas o cronograma do projeto enviado ao MEC foi de seis
meses para se adaptar ao prazo
máximo exigido para concessão
da verba, afirma Enedina de Andrade, do setor nacional de educação da entidade.
Na prática, os cursos durarão
oito meses. Segundo Andrade, é
impossível fazer um trabalho
aceitável de alfabetização no meio
rural em prazo menor. "No campo, não há tanto contato com as
letras como nas cidades", diz.
A priori, as despesas dos dois
meses excedentes (janeiro e fevereiro de 2004) serão custeadas pelo próprio MST. "Mas estamos
tentando uma prorrogação do
convênio com o governo", diz
Andrade. O MST deve alfabetizar
27,6 mil pessoas em 23 Estados.
Interior de São Paulo
A prefeitura petista de São Carlos, que também já começou seu
curso, ainda não sabe se conseguirá atender os 1.800 analfabetos
incluídos no convênio. "Falta espaço para as aulas", diz Leila Aparecida Mendonça, coordenadora
do Mova (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos).
O município também ainda está
providenciando cadernos, lápis e
borrachas para os primeiros 1.400
alfabetizandos, que começaram
as aulas em agosto.
A prefeitura petista de Campinas firmou o convênio em julho,
mas só começou a capacitar educadores na semana passada porque estava trabalhando na captação de alunos. O objetivo é alfabetizar 20 mil pessoas.
"Não sabemos se 20 mil pessoas
irão querer estudar. Pode ser que
não queiram vir agora", diz Dulcinéia Pereira, responsável pelo
Brasil Alfabetizado na cidade.
O município ainda discute o orçamento para criar vagas na rede
formal de ensino para os alunos
que continuarem os estudos.
A prefeitura de Catanduva,
também do PT, assinou há duas
semanas convênio para alfabetizar 2.050 alunos e começará a treinar educadores em breve.
Verbas atrasadas
No Amazonas, a Universidade
Estadual prevê gastos de cerca de
R$ 11 milhões para alfabetizar 25
mil pessoas. Os recursos do MEC
só chegam a R$ 2,8 milhões. Outras instituições também ainda
não receberam as verbas. As secretarias da Educação do Acre e
de Alagoas, além da Universidade
Federal de Uberlândia (MG), estão esperando os repasses.
Dez instituições disseram que
vão cumprir as metas de alfabetização. As prefeituras de Natal
(RN), de Gaspar (SC) e de Dionísio Cerqueira (SC), além da Pastoral da Criança no Paraná, devem
entregar nos próximos dias ao governo federal a lista dos alunos a
serem atendidos. Depois disso, a
verba começa a ser repassada.
Das instituições que já receberam as verbas federais, a Prefeitura de Indaial (SC) teve um repasse
de R$ 45,5 mil para alfabetizar 500
pessoas, a Secretaria da Educação
de Sergipe recebeu R$ 1,5 milhão
para 14,3 mil alunos, e o Grupo de
Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (RS)
ganhou R$ 50 mil para ensinar
800 a ler e escrever.
A Secretaria da Educação do
Piauí deve iniciar a alfabetização
de 60 mil pessoas ainda neste mês.
O caso mais atrasado é o da Prefeitura de Aracaju (SE). A equipe
de 400 professores, que deverá
atender a 10 mil pessoas, ainda
nem começou a ser selecionada.
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