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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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SAÚDE

Para especialistas, crianças que recebem atenção odontológica precoce têm um risco menor de ter a doença

Prevenção de cárie começa após parto

VANESSA ALVES BAPTISTA
DA REDAÇÃO

Guilherme e Odair, hoje com um e dois anos, respectivamente, são a segunda geração de uma família que começou cedo a prevenir a cárie, doença que afeta mais de 90% da população mundial. As mães dos meninos, as gêmeas Elen e Erika Ramos de Paula, 18, também tinham poucos meses de vida quando foram levadas pelos pais à clínica odontológica para bebês da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no Paraná.
A adoção de cuidados com a saúde bucal desde os primeiros meses de vida é apontada por odontopediatras como o principal fator para evitar o surgimento da cárie quando a criança for mais velha ou mesmo na idade adulta.
"Entre as que têm cinco e seis anos de idade e não receberam atenção odontológica precoce, 82% têm cárie", diz Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, 68, professor titular aposentado da UEL.
Segundo ele, a situação se inverte quando a prevenção começa cedo. "Cerca de 85% das crianças que receberam atenção logo após o nascimento chegam à mesma idade sem cárie", diz Walter, ex-diretor da Bebê Clínica da UEL, que já atendeu 21 mil crianças em quase 20 anos de história.
A primeira visita ao dentista pode ocorrer ainda na primeira semana ou no primeiro mês de vida do bebê e, a partir disso, a cada três meses até os três anos. Nesse contato inicial, é possível identificar problemas de oclusão ou outras alterações na boca do bebê.
Até os três anos, são os pais os responsáveis por escovar os dentes dos filhos. Entre três e sete anos, é preciso supervisioná-los.
Os cuidados com a limpeza da boca e o controle da amamentação noturna e do consumo de açúcar são a base da prevenção em bebês -o uso do flúor depende da orientação do dentista; alguns o consideram dispensável, pois em geral ele já está presente na água e nas pastas de dente.
O aleitamento noturno é considerado a principal causa da cárie de mamadeira, como é conhecida a doença nos primeiros anos de vida (leia texto nesta página).
"A salivação diminui à noite, e é a saliva que limpa a boca. O ideal é não alimentar o bebê enquanto ele dorme", diz Celio Percinoto, 48, vice-diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista de Araçatuba (SP). Segundo ele, a criança que é bem alimentada antes de dormir não precisa de mamadeira à noite.
Além disso, o leite não deve ser adocicado. "A mãe não deve preparar a mamadeira ou a papinha para o paladar dela. O bebê não está acostumado com o açúcar e não sente falta dele", diz Marcia T. Wanderley, 33, professora da Faculdade de Odontologia da USP.




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