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SAÚDE
Para especialistas, crianças que recebem atenção odontológica precoce têm um risco menor de ter a doença
Prevenção de cárie começa após parto
VANESSA ALVES BAPTISTA
DA REDAÇÃO
Guilherme e Odair, hoje com
um e dois anos, respectivamente,
são a segunda geração de uma família que começou cedo a prevenir a cárie, doença que afeta mais
de 90% da população mundial. As
mães dos meninos, as gêmeas
Elen e Erika Ramos de Paula, 18,
também tinham poucos meses de
vida quando foram levadas pelos
pais à clínica odontológica para
bebês da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no Paraná.
A adoção de cuidados com a
saúde bucal desde os primeiros
meses de vida é apontada por
odontopediatras como o principal fator para evitar o surgimento
da cárie quando a criança for mais
velha ou mesmo na idade adulta.
"Entre as que têm cinco e seis
anos de idade e não receberam
atenção odontológica precoce,
82% têm cárie", diz Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, 68, professor titular aposentado da UEL.
Segundo ele, a situação se inverte quando a prevenção começa
cedo. "Cerca de 85% das crianças
que receberam atenção logo após
o nascimento chegam à mesma
idade sem cárie", diz Walter, ex-diretor da Bebê Clínica da UEL,
que já atendeu 21 mil crianças em
quase 20 anos de história.
A primeira visita ao dentista pode ocorrer ainda na primeira semana ou no primeiro mês de vida
do bebê e, a partir disso, a cada
três meses até os três anos. Nesse
contato inicial, é possível identificar problemas de oclusão ou outras alterações na boca do bebê.
Até os três anos, são os pais os
responsáveis por escovar os dentes dos filhos. Entre três e sete
anos, é preciso supervisioná-los.
Os cuidados com a limpeza da
boca e o controle da amamentação noturna e do consumo de
açúcar são a base da prevenção
em bebês -o uso do flúor depende da orientação do dentista; alguns o consideram dispensável,
pois em geral ele já está presente
na água e nas pastas de dente.
O aleitamento noturno é considerado a principal causa da cárie
de mamadeira, como é conhecida
a doença nos primeiros anos de
vida (leia texto nesta página).
"A salivação diminui à noite, e é
a saliva que limpa a boca. O ideal é
não alimentar o bebê enquanto
ele dorme", diz Celio Percinoto,
48, vice-diretor da Faculdade de
Odontologia da Universidade Estadual Paulista de Araçatuba (SP).
Segundo ele, a criança que é bem
alimentada antes de dormir não
precisa de mamadeira à noite.
Além disso, o leite não deve ser
adocicado. "A mãe não deve preparar a mamadeira ou a papinha
para o paladar dela. O bebê não
está acostumado com o açúcar e
não sente falta dele", diz Marcia T.
Wanderley, 33, professora da Faculdade de Odontologia da USP.
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