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VIOLÊNCIA
Satélite tinha apontado carro em favela do Rio; polícia não comenta caso
Empresário diz que PM não quis buscar veículo roubado
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
Quatro dias após o roubo de um
Dakota, a Polícia Militar vasculhou a favela Furquim Mendes, na
zona norte do Rio de Janeiro, para
tentar encontrar o veículo e 11
quadros e cinco livros-pintura do
conceituado artista plástico Herton Roitman, que estavam em seu
interior. Não obteve sucesso.
Segundo Sérgio Gonçalves, dono da galeria Almacén, na Barra
da Tijuca, o roubo ocorreu na noite do dia 8, quando ele trazia de
São Paulo as obras de arte a serem
expostas em sua galeria.
O marchand diz que o carro foi
localizado dentro da favela pelo
GPS (monitoramento por satélite), mas que, ao avisar o 16º Batalhão, os policiais militares se negaram a buscar o veículo.
Ninguém da Polícia Militar deu
entrevista sobre o caso. A corporação do governo Rosinha Matheus (PMDB) só afirmou, via assessoria, que fez incursão na favela, mas não localizou nem o carro
nem as obras de arte.
Fechado na Dutra
Gonçalves diz que passava pela
rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de São João de Meriti,
quando um carro com quatro homens o fechou. Um deles fugiu no
Dakota e os outros levaram celular, carteira e relógio. As obras de
arte estavam no porta-malas.
Uma hora depois, o marchand
relatou o crime ao 16º BPM e diz
que os PMs recusaram-se a entrar
na favela. Após registrar queixa,
Gonçalves escreveu seu drama e
enviou o texto à imprensa.
Anteontem, ao saber do assalto,
o comandante do batalhão, coronel José Luís Nepomuceno, determinou uma incursão na favela.
"Mas nem o carro nem as obras
foram encontrados. No dia seguinte ao assalto a localizadora já
não estava conseguindo rastrear o
carro por GPS", disse Gonçalves.
O marchand não quis revelar o
valor das obras roubadas. Disse
que elas são inéditas e que Roitman não queria vendê-las.
"Elas têm apenas valor subjetivo, não valem nada para quem as
roubou. Fazemos um apelo para
que sejam devolvidas. A galeria
terá de indenizar o artista, que definirá o valor das obras", disse
Gonçalves. Classificadas como
"abstracionismo geométrico", as
obras incluem retângulos e quadrados em tons "quentes", principalmente o vermelho.
Ele manterá a exposição de Herton Roitman, a primeira no Rio de
Janeiro, com as obras que restaram. O artista, chocado com o assalto, adiou para hoje sua viagem.
Nascido em Porto Alegre, Roitman mudou-se para Belo Horizonte em 1964. Formou-se ator
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estudou desenho, tecnologia da cor e história da arte
em cursos de extensão universitária pela mesma universidade.
Desde 1968 trabalha e mora em
São Paulo. Foi coordenador cultural de artes cênicas da Fundação
Itaú Clube de 1978 a 1987. Já fez
exposições internacionais e na
Bienal de São Paulo.
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