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Congonhas passará a ter áreas de escape
Pista principal do aeroporto passa de 1.940 metros para 1.640 metros e a auxiliar de 1.435 metros para 1.195 metros
Com a mudança, que passa a vigorar a partir de amanhã, pista auxiliar não poderá mais operar com aviões de grande porte
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Defesa
anunciou ontem que as pistas
principal e a auxiliar do aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, serão reduzidas em 300
e 240 metros, respectivamente,
para a criação de áreas de escape. A mudança entra em vigor
amanhã e restringe os tipos e
pesos dos aviões que poderão
pousar no local -afetando diretamente os principais modelos usados no aeroporto, como
os Airbus e os Boeing.
A pista auxiliar passará de
1.435 metros para 1.195 metros
e será de uso exclusivo de pequenas aeronaves -aviões de
grande porte ficam proibidos.
Na pista principal, as empresas
terão de obedecer novos limites de peso para pousar com segurança. Terão de reduzir carga, combustível ou número de
passageiros transportados.
Em dias de chuva, o aeroporto ficará fechado para os aviões
comerciais de grande porte. Isto porque a pista principal, a
única em que terão autorização
para operar, não pode funcionar quando está molhada até
que seja liberada pela Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil). A medida não tem data
prevista para acontecer.
Aviso
Segundo o ministro Nelson
Jobim, as empresas foram avisadas sobre a mudança e "não
houve protesto". O Snea (Sindicato Nacional de Empresas Aéreas) disse não ter sido consultado. A TAM e a Gol, as duas
maiores empresas do setor,
contudo, informaram que
iriam acatar as limitações.
Segundo a TAM, as alterações afetam "pouco" a sua operação. "De acordo com estimativas preliminares, apenas 2%
dos vôos operados pela TAM
em Congonhas poderão ser afetados com a nova configuração
das pistas", diz nota da empresa
divulgada ontem. A Gol não
quis dar maiores informações.
"Nós não ajustamos os aeroportos às empresas. Nós ajustamos as empresas ao aeroporto", disse Jobim ontem.
Ele vinculou a medida à
preocupação de aumentar a segurança e não citou o acidente
do vôo 3054 da TAM de 17 de
julho, quando um Airbus A-320
ultrapassou a pista e colidiu
com um prédio, deixando 199
mortos. O acidente levantou a
discussão sobre a necessidade
de uma área de escape.
As áreas de escape não implicam nenhuma modificação física nas pistas por enquanto. Serão feitos ajustes nos ILS (sistema de pouso por instrumento)
para que os aviões sejam guiados para tocar o solo dentro do
novo comprimento.
A pista principal passa de
1.940 metros para 1.640 metros. A auxiliar passa de 1.435
metros para 1.195 metros. Em
cada ponta (cabeceira) ficarão
reservados 150 metros e 120
metros, respectivamente, para
emergências -conforme recomenda a OACI (Organização de
Aviação Civil Internacional).
Ainda está sob estudo o uso
futuro de materiais como brita
ou asfalto poroso para ajudar a
deter aviões que não consigam
frear no limite oficial da pista.
Restrições
A redução da pista auxiliar foi
anunciada com a proibição para aviões categoria 3 e 4 (aeronaves com envergadura de asa
de 24 a 52 metros). Portanto, ficam vetados na pista auxiliar:
Airbus-A320 e A319 (TAM), todos os modelos Boeing-737
(Gol, Varig e BRA), Fokker-100
(TAM e OceanAir), Fokker-50
(OceanAir) e ATR (Pantanal).
Técnicos da Anac, Aeronáutica e da Infraero estavam reunidos na noite de ontem para
definir as providências necessárias e o horário amanhã em
que passará a valer o novo comprimento de pista.
A Anac irá apresentar as tabelas de peso máximo para cada aeronave dentro do novo tamanho da pista. Caberá às empresas obedecer as restrições,
calculadas a partir dos manuais
dos fabricantes dos aviões.
O presidente do Sinpac (Sindicato Nacional dos Pilotos da
Aviação Civil), comandante
Hugo Stringhini, diz acreditar
que a mudança será positiva
para os pilotos. "Vai ficar melhor, desde que sejam usados os
aviões adequados e no peso certo. Com certeza será mais seguro", disse ele. Para ele, a medida
é inédita no mundo. "Nunca vi
reduzirem pista", afirmou.
Colaborou AFRA BALAZINA , da Reportagem
Local
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