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EDUCAÇÃO
Previsão é do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de São Paulo; índice supera inflação estimada para
2004
Escolas terão reajuste médio de 10% em 2005
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
As mensalidades das escolas
particulares de São Paulo devem
ficar, em média, 10% mais caras
em 2005, segundo previsão do
Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de
São Paulo). O índice de reajuste é
maior do que a previsão de inflação para todo o ano de 2004 -de
7,2%, segundo o Banco Central.
De acordo com o sindicato, as
escolas devem incluir na planilha
de custos em que se baseia o reajuste o aumento de 16,42% nos salários dos professores referente ao
dissídio de 2003.
Como o benefício foi conseguido apenas mediante decisão do
TRT (Tribunal Regional do Trabalho) expedida em novembro de
2003, mas aceita pelas escolas só
em agosto deste ano, muitas instituições ainda não o pagaram. O
dissídio de 2004 foi de 5,05%.
"Na Grande São Paulo e em cidades do interior, como Campinas e São José dos Campos, o aumento deve ser menor, em torno
de 7 a 8%, já que a maior parte das
escolas já vinha pagando o dissídio e não deve incluir esse gasto
na planilha de 2005", diz o presidente do Sieeesp, José Augusto de
Mattos Lourenço.
Para a presidente da Associação
de Pais e Alunos do Estado de São
Paulo, Hebe Tolosa, incluir o dissídio de 2003 na planilha é ilegal.
"A lei prevê que o planejamento
seja dos custos didático-financeiros de 2005."
Ela acredita que a maioria das
escolas terá reajustes inferiores a
10%, pois isso evitaria um "processo autofágico". "As escolas têm
consciência do índice de inadimplência e da concorrência."
Além disso, pela primeira vez,
neste ano as escolas podem fazer
uma previsão aproximada do valor do dissídio dos professores de
2005. Segundo o Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo),
na mesma convenção coletiva em
que as escolas aceitaram cumprir
a decisão do TRT, de agosto deste
ano, foi definido que, até 2006, o
reajuste no salário dos professores será calculado com a média de
três índices de inflação: INPC (IBGE), IPC (Fipe) e ICV (Dieese).
A Folha consultou sete entre os
maiores colégios da capital, e apenas um, o Visconde de Porto Seguro, já definiu o índice de reajuste, que será de 10%.
As escolas Santa Cruz, Salesiano
Santa Teresinha e Rio Branco devem definir o novo valor nas próximas semanas. O Bandeirantes, o
Dante Alighieri e o São Luiz ainda
não têm previsão para a divulgação do reajuste. De acordo com a
diretora do Porto Seguro, Celina
Cattini, uma circular com o índice
de reajuste já foi enviada aos pais.
De acordo com a legislação, as
escolas têm de divulgar a proposta de contrato e o valor da anuidade 45 dias antes da data final das
matrículas. Em geral, a anuidade é
dividida em 12 vezes e não pode
haver nenhum novo reajuste no
decorrer do ano.
Alguns colégios cobram uma taxa de matrícula mas, segundo o
Procon-SP (órgão de defesa do
consumidor), esse valor deve
obrigatoriamente ser abatido da
anuidade. Segundo o presidente
do Sieeesp, é comum a migração
para escolas em período de reajuste de mensalidade e, por isso, a
taxa de matrícula sempre é devolvida pela instituição após um determinado prazo.
Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), de 1999 a
2003 as matrículas no ensino fundamental particular mantiveram-se estáveis.
No ensino médio, no entanto,
houve, entre 1999 e 2002, uma
queda de 9% na rede privada e
um aumento de 2,54% na rede
pública.
Desconto
Paulo Roberto da Silva Telles,
42, professor da rede estadual, diz
que se desdobra para manter seus
dois filhos, de 7 e 10 anos, em escola particular. Antecipando-se
ao reajuste anual, o professor entrou na semana passada com um
pedido de desconto por ter dois filhos na mesma escola.
"Não tive nem 5% de reajuste
no meu salário e terei de arcar
com um aumento de 10% na
mensalidade. É muito alto, mas a
educação dos meus filhos é prioridade. É a primeira conta que pago
todo mês, as outras vou ajustando
como dá", diz.
A estimativa de inadimplência
para este ano, segundo o Sieeesp é
de 11,3%. Em 2003, chegou a 19%.
Segundo Lourenço, a redução da
inadimplência pode ser explicada
pela estabilidade econômica e pela flexibilidade das escolas.
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