|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENSINO SUPERIOR
Em 2003 houve mais vaga que aluno formado no ensino médio; meta de jovens na faculdade está longe de ser atingida
Particulares tiveram sobra de 726 mil vagas
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de vagas sobrando
nas universidades particulares
chegou a 726 mil no ano passado,
o que representa 42% do total oferecido. O número é 439% maior
do que o registrado há cinco anos.
Os dados fazem parte do Censo
da Educação Superior 2003 e foram divulgados ontem pelo Inep
(Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais).
O dado ilustra um fato inédito
no país: a quantidade de vagas
oferecidas nas universidades superou o número de estudantes
que concluíram o ensino médio.
Foram 2 milhões de vagas nos
processos seletivos em 2003,
quando 1,88 milhão de estudantes
terminaram o ensino médio.
No ensino público, as vagas
ociosas são em menor número,
atingindo 5% (14 mil de 281 mil
vagas). A maior parte está nas instituições municipais (22%), pois,
em muitos casos, cobram mensalidades. Já nas universidades federais, o índice cai para 0,7%.
O PNE (Plano Nacional de Educação) estabelece que 30% dos jovens entre 17 e 24 anos estejam na
universidade. O índice hoje é de
9%. Além disso, 40% das vagas no
ensino superior devem ser oferecidas por instituições públicas.
Para atingir a meta, o Inep estima
que seja necessário o investimento de R$ 1 bilhão no setor até 2010.
O atual problema da iniciativa
privada surgiu a partir da LDO
(Lei de Diretrizes e Bases), de
1996. Entre 1998 e 2000, a ociosidade (número de vagas sobrando) subiu de 22,8% para 30%. Em
2002, das 1,45 milhão de vagas
oferecidas, 925 mil foram preenchidas, deixando sobra de 37,4%.
A nova lei permitiu o surgimento de entidades com fins lucrativos na educação superior e facilitou a criação de curso por universidades, que podem criá-los e, só
após o início do funcionamento,
entram com processo de reconhecimento. Em cinco anos (1998-2003), as vagas subiram 191,9%
nas universidades particulares
-nas públicas foi 31,2%.
Entre a falta de vagas nas universidades públicas e a sobra nas
particulares, o aluno sai do ensino
médio e não consegue entrar na
universidade. O mercado, porém,
já estuda o potencial de atendimento de alunos de baixa renda.
Sindicatos, consultores e representantes do setor calculam que
haja demanda de 3 milhões de jovens que poderiam pagar mensalidades de R$ 300, mas hoje elas
estão acima de R$ 450. A pressão
do setor é para que haja expansão
dos recursos para o financiamento estudantil, o que não encontra
respaldo no governo.
As universidades ou instituições
financeiras têm adquirido ferramentas para atender o setor por
meio de bolsas de estudo de programas de financiamento.
No lado do governo federal, foi
lançado neste ano, por medida
provisória, o Prouni (Programa
Universidade para Todos). Pela
proposta, universidades particulares devem destinar 20% de suas
receitas brutas em bolsas, em troca de isenção de tributos federais.
Mas o IBGE aponta que, com a
expansão do ensino fundamental,
25% das pessoas que estão nesse
nível de ensino não conseguiriam
nem sequer se sustentar em uma
universidade pública.
Para Dilvo Ristoff, diretor de Estatística e Avaliação do Inep, o governo federal deverá enfrentar
dois desafios. O primeiro é expandir até 2011 as vagas nas universidades públicas para 40% do total
e ter 30% dos estudantes com idades entre 17 e 24 anos nas universidades, como determina o PNE
(Plano Nacional de Educação), de
2001. Isso precisará de um investimento de R$ 1 bilhão. O segundo
desafio é colocar mais estudantes
carentes no ensino superior.
Texto Anterior: Há 50 anos: Alemanha apóia "pool" atômico Próximo Texto: Majestade por 14 dias: Vice assume e quer tudo como está Índice
|