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GUERRA SEM TRINCHEIRA
Gangan planejava conquistar favelas na zona sul; braço-direito de traficante é sucessor natural
Para polícia, morte desarticula tráfico
DA SUCURSAL DO RIO
Com a morte de Gangan, seus
redutos passarão a ser controlados por Gílson Ramos da Silva,
24, o Aritana, apontado como seu
principal braço-direito e sucessor
natural. De acordo com a Polícia
Civil, Aritana administrava para
Gangan todas as bocas-de-fumo
do complexo de favelas de São
Carlos, no Estácio (região central
do Rio de Janeiro).
Na semana passada, segundo a
polícia, Aritana atirou uma granada em policiais que faziam
uma operação no morro do
Querosene, no Rio Comprido
(região central), reduto de Gangan. Na ação, um policial ficou
ferido.
Aritana, no entanto, não irá se
tornar o principal líder da facção
criminosa ADA (Amigo dos
Amigos). De acordo com o chefe
da Polícia Civil, delegado Álvaro
Lins, isso caberá a Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá, que comanda a venda de drogas nas favelas Vila do Pinheiro e Vila do
João, ambas no complexo da
Maré (zona norte).
Sassá é o braço-direito do antigo chefe da ADA, Paulo César
Silva dos Santos, o Linho, que a
polícia acredita estar morto,
apesar de seu corpo nunca ter sido encontrado.
Desarticulação
Mesmo com a existência de sucessores no comando, Lins disse
acreditar que a facção esteja desarticulada porque, segundo ele,
Gangan era o principal integrador
do grupo e tinha planos de conquistar todas as favelas da zona
sul, onde já possuía influência na
Rocinha (São Conrado).
Lins admitiu e, ao mesmo tempo, minimizou a possibilidade de
os redutos de Gangan sofrerem
tentativas de invasão por parte de
traficantes rivais do CV (Comando Vermelho) e do TCP (Terceiro
Comando Puro).
"A retirada de Gangan do comando de seu grupo é mais importante do que os possíveis confrontos que podem ocorrer. Na
medida em que ele fazia a integração, ele unia grupos muito fortes
em armamentos e homens. E essa
quebra nessa articulação é boa para a polícia e impede uma união
entre traficantes", declarou.
Segundo a polícia, os alvos mais
imediatos do CV seriam o morro
do Zinco, no Estácio (região central), que foi perdido neste ano
para Gangan, e a favela da Rocinha, palco de disputa entre as facções desde janeiro.
Nos últimos meses, a ADA vem
perdendo vários líderes, seja em
prisões ou por morte. No domingo passado, foram presos Carlos
José da Silva Fernandes, o Arafat,
26, e Gilberto Dias Batista, o Betinho, 32 , que dominavam o tráfico
nos morros da Pedreira, da Lagartixa e Jorge Turco, além da favela
Gogó da Ema, todas no subúrbio.
Além de Sassá e Aritana, outros
líderes da ADA soltos são Erismar
Rodrigues, o Bem-Te-Vi, e Eugênio Santos Costa, o Lyon, que
atuam na Rocinha.
Novo nš 1
A morte de Gangan fez com a
que a polícia voltasse novamente
suas atenções para capturar o traficante Róbson André da Silva, o
Robinho Pinga, o principal chefe
do TCP.
Segundo Álvaro Lins, Pinga seria um dos principais atacadistas
de drogas do Rio, além de controlar o tráfico em favelas das zonas
oeste e norte.
Outros traficantes que integram
a lista dos mais procurados são
Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, líder do ataque à Rocinha na Semana Santa, e Marcos
Santana dos Santos, o Coringa, do
complexo de favelas do Alemão
(zona norte), ambos do Comando
Vermelho.
(MARIO HUGO MONKEN)
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