São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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GUERRA SEM TRINCHEIRA

Gangan planejava conquistar favelas na zona sul; braço-direito de traficante é sucessor natural

Para polícia, morte desarticula tráfico

DA SUCURSAL DO RIO

Com a morte de Gangan, seus redutos passarão a ser controlados por Gílson Ramos da Silva, 24, o Aritana, apontado como seu principal braço-direito e sucessor natural. De acordo com a Polícia Civil, Aritana administrava para Gangan todas as bocas-de-fumo do complexo de favelas de São Carlos, no Estácio (região central do Rio de Janeiro).
Na semana passada, segundo a polícia, Aritana atirou uma granada em policiais que faziam uma operação no morro do Querosene, no Rio Comprido (região central), reduto de Gangan. Na ação, um policial ficou ferido.
Aritana, no entanto, não irá se tornar o principal líder da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos). De acordo com o chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, isso caberá a Edmílson Ferreira dos Santos, o Sassá, que comanda a venda de drogas nas favelas Vila do Pinheiro e Vila do João, ambas no complexo da Maré (zona norte).
Sassá é o braço-direito do antigo chefe da ADA, Paulo César Silva dos Santos, o Linho, que a polícia acredita estar morto, apesar de seu corpo nunca ter sido encontrado.

Desarticulação
Mesmo com a existência de sucessores no comando, Lins disse acreditar que a facção esteja desarticulada porque, segundo ele, Gangan era o principal integrador do grupo e tinha planos de conquistar todas as favelas da zona sul, onde já possuía influência na Rocinha (São Conrado).
Lins admitiu e, ao mesmo tempo, minimizou a possibilidade de os redutos de Gangan sofrerem tentativas de invasão por parte de traficantes rivais do CV (Comando Vermelho) e do TCP (Terceiro Comando Puro).
"A retirada de Gangan do comando de seu grupo é mais importante do que os possíveis confrontos que podem ocorrer. Na medida em que ele fazia a integração, ele unia grupos muito fortes em armamentos e homens. E essa quebra nessa articulação é boa para a polícia e impede uma união entre traficantes", declarou.
Segundo a polícia, os alvos mais imediatos do CV seriam o morro do Zinco, no Estácio (região central), que foi perdido neste ano para Gangan, e a favela da Rocinha, palco de disputa entre as facções desde janeiro.
Nos últimos meses, a ADA vem perdendo vários líderes, seja em prisões ou por morte. No domingo passado, foram presos Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat, 26, e Gilberto Dias Batista, o Betinho, 32 , que dominavam o tráfico nos morros da Pedreira, da Lagartixa e Jorge Turco, além da favela Gogó da Ema, todas no subúrbio.
Além de Sassá e Aritana, outros líderes da ADA soltos são Erismar Rodrigues, o Bem-Te-Vi, e Eugênio Santos Costa, o Lyon, que atuam na Rocinha.

Novo nš 1
A morte de Gangan fez com a que a polícia voltasse novamente suas atenções para capturar o traficante Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, o principal chefe do TCP.
Segundo Álvaro Lins, Pinga seria um dos principais atacadistas de drogas do Rio, além de controlar o tráfico em favelas das zonas oeste e norte.
Outros traficantes que integram a lista dos mais procurados são Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, líder do ataque à Rocinha na Semana Santa, e Marcos Santana dos Santos, o Coringa, do complexo de favelas do Alemão (zona norte), ambos do Comando Vermelho.
(MARIO HUGO MONKEN)


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