São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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ENGENHARIA DO CRIME

Seis pessoas permaneceram três meses no imóvel onde quadrilha cavou buraco para assalto de R$ 4,7 mi

"Família" alugou casa usada para abrir túnel

DO "AGORA"

Desde 1º de julho, duas mulheres, dois homens e duas crianças habitaram a casa da rua Maria Carlota onde foi encontrado o início do túnel de 110 metros que levou ladrões à tesouraria do prédio da Transbank, na Penha (zona leste). De lá, uma quadrilha roubou R$ 4,7 milhões na noite de segunda-feira. Durante a ação, 76 funcionários foram feitos reféns.
A data da locação da casa foi fornecida à polícia ontem pela imobiliária. O imóvel foi alugado por R$ 350 por mês, até janeiro, por uma mulher de cerca de 50 anos, 1,70 metro de altura e cabelos castanho-claros, que usou documentos falsos com o nome de Maria de Jesus da Silva.
Segundo o delegado Antonio Carlos Barbosa, a Eletropaulo usou uma foto da mulher para fazer o cadastro da casa. A fotografia deve chegar hoje à polícia.
O delegado também disse que a mulher reconheceu firma para o contrato de locação no 3º tabelião de São Bernardo (ABC) e forneceu um endereço falso da mesma cidade, o que pode indicar que ela seja de lá. O contrato de aluguel contou ainda com um casal de fiadores, moradores da Cidade Dutra (zona sul de São Paulo).
Além da mulher que fez a locação, a vizinhança viu na casa outra mulher, parda, de cabelos lisos longos e cerca de 26 anos; dois homens pardos com corte de cabelo estilo "militar", sendo um aparentando 44 anos e, o outro, de idade aparente não fornecida; e, por fim, um casal de crianças pardas, de seis e quatro anos.
De acordo com vizinhos, todos os dias a "família" ligava o rádio a partir das 18h em volume alto, provavelmente para encobrir o barulho da escavação. A polícia ainda não sabe como o bando se livrou da terra tirada do buraco. O delegado Fábio Augusto Pinto supõe que a quadrilha se livrava da terra durante a madrugada.
Pessoas da vizinhança e da imobiliária irão ao arquivo fotográfico da Polícia Civil na tentativa de reconhecer a foto de algum dos moradores da casa. Caso nenhuma foto seja reconhecida, a polícia tentará fazer retratos falados com base nas descrições.
Ontem, policiais percorreram pontos de comércio do bairro que forneceram notas fiscais encontradas na residência. Lá também havia vários antiinflamatórios, o que pode indicar que alguma das pessoas estava doente.
Segundo o delegado Pinto, ao deixar o local, o bando ligou o registro de água para inundar o túnel e tentar dificultar o trabalho policial. Ontem, a água foi retirada do buraco. Lá, foram encontradas uma bomba de ar, uma broca de 80 cm e duas luminárias.
(Marco de Castro)


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