São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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REFERENDO

Grupo a favor da proibição da venda de armas decide trocar de marqueteiro e vai priorizar ataques à indústria

Em crise, frente do "sim" muda campanha

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em crise, a frente parlamentar Brasil sem Armas -favorável à proibição da venda de armas de fogo e munição- trocou o comando e a estratégia de sua campanha. A medida ocorreu depois que pesquisas internas indicaram redução da vantagem, em favor do "sim", de 22 pontos percentuais para cerca de dez pontos.
Além disso, ocorreram divergências entre o comando político da frente e a coordenação da campanha quanto ao tom e ao conteúdo que os programas de rádio e televisão deveriam adotar.
O marqueteiro Luiz Gonzales -que realizou a campanha do prefeito José Serra (PSDB)- assumiu a produção e na reta final centralizará o discurso na "satanização" das armas de fogo e nos interesses da indústria e do comércio do setor que, segundo o grupo, estão ligados à frente Pelo Direito da Legítima Defesa -a favor da manutenção do comércio de armas e munição.
O horário gratuito termina dia 20, a três dias do referendo.
Gonzales assumiu o posto do ex-coordenador Paulo Alves, que nesta semana pediu afastamento da função. De acordo com o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), secretário-geral da frente, "a saída do Paulo [Alves] se deu porque queríamos ser mais incisivos em relação à arma de fogo". Segundo ele, a campanha agora irá "satanizar as armas". "O comando político achou que o foco da campanha tinha que fechar em cima disso. Ele [Alves] achou que não. Tudo bem, cada um para o seu lado, e vamos adiante", afirmou.
De acordo com o deputado, pesquisas realizadas pelo grupo mostraram que "uma diferença inicial de 22 pontos veio caindo, caindo. Há uns cinco dias, estabilizou em torno de dez pontos". "Daqui para a frente nós vamos mostrar o [grupo que defende o] "não" e suas conexões com o comércio e a indústria de armas e seus lucros", disse Jungmann.
Paulo Alves afirmou que saiu da coordenação da campanha porque havia uma série de propostas para os rumos dos programas "nem sempre compatíveis com a minha própria leitura como estratégia". Segundo ele, sua saída ocorreu de forma "civilizada".
Alves disse que o uso freqüente de artistas famosos no início da campanha "teve um efeito questionável". "Na comparação, foi como se a outra propaganda [contrária à proibição] fosse mais real, e a nossa, mais distante."
Já na campanha da frente parlamentar Pelo Direito da Legítima Defesa, a tendência é que os programas permaneçam com a atual linha de argumentação, centrada na proteção do direito do cidadão de comprar uma arma de fogo e na dificuldade de o Estado garantir a segurança da população.
"Não muda nada. Temos uma estratégia que está caminhando. Não vamos proceder uma mudança drástica porque a campanha vem crescendo", afirmou Chico Santa Rita, marqueteiro do grupo. Segundo ele, porém, dependendo do resultado de algumas pesquisas de opinião, pequenas alterações poderão ser feitas.

Vínculo vetado
O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) José Delgado proibiu a TV Globo de vincular o referendo ao desarmamento. A rede de televisão deverá usar a expressão "referendo sobre a proibição ou não do comércio de armas e fogo e munição" quando se referir à consulta. A Globo informou que vai cumprir a decisão.


Colaborou a Folha Online

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