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REFERENDO
Grupo a favor da proibição da venda de armas decide trocar de marqueteiro e vai priorizar ataques à indústria
Em crise, frente do "sim" muda campanha
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em crise, a frente parlamentar
Brasil sem Armas -favorável à
proibição da venda de armas de
fogo e munição- trocou o comando e a estratégia de sua campanha. A medida ocorreu depois
que pesquisas internas indicaram
redução da vantagem, em favor
do "sim", de 22 pontos percentuais para cerca de dez pontos.
Além disso, ocorreram divergências entre o comando político
da frente e a coordenação da campanha quanto ao tom e ao conteúdo que os programas de rádio e
televisão deveriam adotar.
O marqueteiro Luiz Gonzales
-que realizou a campanha do
prefeito José Serra (PSDB)- assumiu a produção e na reta final
centralizará o discurso na "satanização" das armas de fogo e nos interesses da indústria e do comércio do setor que, segundo o grupo, estão ligados à frente Pelo Direito da Legítima Defesa -a favor
da manutenção do comércio de
armas e munição.
O horário gratuito termina dia
20, a três dias do referendo.
Gonzales assumiu o posto do
ex-coordenador Paulo Alves, que
nesta semana pediu afastamento
da função. De acordo com o deputado Raul Jungmann (PPS-PE),
secretário-geral da frente, "a saída
do Paulo [Alves] se deu porque
queríamos ser mais incisivos em
relação à arma de fogo". Segundo
ele, a campanha agora irá "satanizar as armas". "O comando político achou que o foco da campanha
tinha que fechar em cima disso.
Ele [Alves] achou que não. Tudo
bem, cada um para o seu lado, e
vamos adiante", afirmou.
De acordo com o deputado,
pesquisas realizadas pelo grupo
mostraram que "uma diferença
inicial de 22 pontos veio caindo,
caindo. Há uns cinco dias, estabilizou em torno de dez pontos".
"Daqui para a frente nós vamos
mostrar o [grupo que defende o]
"não" e suas conexões com o comércio e a indústria de armas e
seus lucros", disse Jungmann.
Paulo Alves afirmou que saiu da
coordenação da campanha porque havia uma série de propostas
para os rumos dos programas
"nem sempre compatíveis com a
minha própria leitura como estratégia". Segundo ele, sua saída
ocorreu de forma "civilizada".
Alves disse que o uso freqüente
de artistas famosos no início da
campanha "teve um efeito questionável". "Na comparação, foi
como se a outra propaganda
[contrária à proibição] fosse mais
real, e a nossa, mais distante."
Já na campanha da frente parlamentar Pelo Direito da Legítima
Defesa, a tendência é que os programas permaneçam com a atual
linha de argumentação, centrada
na proteção do direito do cidadão
de comprar uma arma de fogo e
na dificuldade de o Estado garantir a segurança da população.
"Não muda nada. Temos uma
estratégia que está caminhando.
Não vamos proceder uma mudança drástica porque a campanha vem crescendo", afirmou
Chico Santa Rita, marqueteiro do
grupo. Segundo ele, porém, dependendo do resultado de algumas pesquisas de opinião, pequenas alterações poderão ser feitas.
Vínculo vetado
O ministro do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) José Delgado
proibiu a TV Globo de vincular o
referendo ao desarmamento. A
rede de televisão deverá usar a expressão "referendo sobre a proibição ou não do comércio de armas e fogo e munição" quando se
referir à consulta. A Globo informou que vai cumprir a decisão.
Colaborou a Folha Online
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